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Mata Atlântica: preserve a nossa casa

"Mais de 60% da população brasileira vive dentro da área compreendida pelo bioma", aponta Márcia Hirota
Bruno Torres
02/03/15

O Viva a Mata 2014, realizado entre os dias 23, 24 e 25 de maio pela Fundação SOS Mata Atlântica, transformou o parque do Ibirapuera em palco da luta pela preservação da biodiversidade brasileira. Em sua 10ª edição, o evento teve como tema Mata Atlântica, Sua Casa. O objetivo foi difundir a profunda ligação entre floresta, cidade e qualidade de vida. “Hoje, 69% da população brasileira moram na Mata Atlântica, embora grande parte das pessoas não saiba disso. Nossa ideia é fazer com que todos conheçam o bioma e sua importância para a preservação, por exemplo, dos rios. Sem floresta não há água”, ressalta Márcia Hirota, diretora executiva da SOS Mata Atlântica.

"Quando começamos nosso trabalho, havia menos de 7% de floresta. Nós conseguimos conter a degradação e hoje temos cerca de 8% de mata preservada", comenta Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas da SOS Mata Atlântica. "As pessoas conhecem muito pouco sobre a Mata Atlântica, embora seja a nossa casa. Nós, brasileiros, moramos na região de domínio da floresta atlântica, mas, como a nossa cultura é urbana, a gente se esquece até que o nome do país veio de uma espécie desse local."

           

“Queremos colocar o tema do cuidado com a Mata Atlântica de uma forma lúdica e interessante, para que todos possam participar”, comenta Hirota. Palestras, oficinas, apresentações musicais e diversas atividades interativas para todos os públicos aconteceram na marquise do parque.

As pessoas que passavam pelo local tiveram a possibilidade de interagir e aprender sobre o meio ambiente, levar uma muda para casa, observar as etapas do processo de germinação de sementes de árvores e até mesmo passar pela instalação Túnel dos Sentidos, para vivenciar um pouco do que é estar na floresta.

A ideia da organização foi mostrar que o cuidado com rios, mares, a poluição do ar e da terra são fatores relacionados à conservação das florestas. Projetos e institutos que trabalham com preservação ambiental em diversos lugares do Brasil participaram do evento.

NAMU: Qual a missão da Fundação SOS Mata Atlântica?

Malu Ribeiro: Nossa missão principal é divulgar informação sobre o bioma. As pessoas conhecem muito pouco a Mata Atlântica, embora ela seja a nossa casa. Nós, brasileiros, moramos na região de domínio da floresta atlântica, mas como a nossa cultura é urbana, esquecemos até que o nome do país veio de uma espécie desse local.

A partir da informação, de mostrar o que é, quanto ainda existe, como medir os benefícios da floresta na sociedade, a SOS sensibiliza e engaja as pessoas na causa da preservação. Sem conhecer, sem gostar, sem ter esse pertencimento, as pessoas não vão cuidar da mata. Ninguém preserva aquilo que não conhece. Nosso papel hoje é de mostrar como a floresta faz parte da nossa vida e o quanto a gente depende dela para ter água, alimentos, vida saudável etc.

Sem conhecer, sem gostar, sem ter esse pertencimento, as pessoas não vão cuidar da mata. Ninguém preserva aquilo que não conhece. 

NAMU: Qual a situação e os números atuais apresentados hoje? 

Malu: Hoje, temos cerca de 8% da cobertura florestal original da Mata Atlântica. Trata-se de uma das florestas mais ameaçadas do planeta, justamente porque concentra 60% da população do país. Essa floresta cobre 17 estados do Brasil, desde o Sul até o Nordeste. Essa grande distribuição territorial é sua grande fragilidade. A pressão para o desmatamento se dá porque as pessoas moram e produzem nas áreas de domínio da floresta e essa convivência não é harmoniosa.

NAMU: Como é feito o monitoramento e quais os impactos do desmatamento na sociedade?

Malu: Os índices são monitorados pela SOS através de uma ferramenta de mapeamento. Fazemos um raninkg com os estados que mais desmatam e os que mais preservam. Nesse trabalho apontamos dados alarmantes, como por xemplo: Minas Gerais, durante quatro anos consecutivos, foi recordista no desmatamento. Nesse estado, estão as nascentes que abastecem desde o Distrito Federal até a Bahia e estados do Sul e Sudeste. É a chamada caixa d'água do Brasil. Os impactos causados à floresta são medidos por exemplo, pelo preço do arroz, pela quantidade de agrotóxico que se usa e vai para o rios, pela perda da qualidade do ar, pela desertificação. Eles refletem até na situação de falta de água que estamos vivendo hoje. 

NAMU: Como você avalia os resultados desse trabalho?

Malu: O principal resultado que tivemos, há oito anos, foi a conquista da Lei da Mata Atlântica. É o único bioma brasileiro que tem uma lei específica que indica o que pode e o que não pode ser cortado, o que deve ser preservado. Aqui em São Paulo, por exemplo, na construção de casas, essa lei determina quantas e quais árvores podem ser cortadas e quantas devem ser replantadas. Essa lei fez com que a degradação fosse contida nos últimos dez anos e que começassem ações para a restauração da floresta.

NAMU: Quais os frutos dessa preservação?

Malu: Hoje temos 700 propriedades, reservas particulares de Mata Atlântica. A SOS Mata Atlântica tem um programa de restauração florestal chamado Florestas do Futuro que já plantou mais de 5 milhões de árvores e promove essa restauração. Temos uma fazenda que é um centro experimental, chamado Centro Experimental da SOS em Itu, interior de São Paulo. Essa é uma área de 590 hectares e no local não havia nada de mata. Estamos lá há seis anos promovendo o reflorestamento. Em quatro anos, o nível do lençol freático das águas que existe nesse local aumentou em 20% e as águas superficiais em 5%.

Com isso, conseguimos comprovar o benefício rápido da restauração florestal. Há cinco anos, existia menos de 7% do total da floresta e agora chegamos a pouco mais de 8%. Também foi possível incluir no bioma parte de fragmentos florestais do Nordeste que não eram considerados Mata Atlântica. Acima de tudo, conseguimos conter a degradação. Nossa expectativa é que cada estado volte a ter no mínimo 20% de floresta, como diz a legislação. Eu acredito que podemos chegar lá. 

Fotos: Vanessa Cancian

Foto 3: Divulgação


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