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O que é

Sistema baseado em alimentos de origem vegetal. No vegetarianismo, o consumo de comida de origem animal só ocorre em situações limitadas. A adoção desse sistema se justifica muitas vezes por alegações éticas, religiosas ou ecológicas.
Assim, nenhum tipo de carne (vermelha, aves e frutos do mar) faz parte desse tipo de alimentação. Há também vegetarianos que não consomem leite e derivados e aqueles que não consomem ovos.
Os vegetarianos mais radicais são os veganos, que seguem uma filosofia na qual não se consome nenhum tipo de produto de origem animal, inclusive roupas feitas com lã, seda ou couro.
O vegetarianismo é uma dieta que possui diferentes significados. É praticada por grupos variados e pelas mais distintas razões. Há pessoas que são vegetarianas por motivos religiosos da mesma forma que há indivíduos que são vegetarianos e ateus, como é o caso de muitos veganos.
É possível obter todos os nutrientes necessários por meio de uma dieta vegetariana. Para isso, é fundamental alimentar-se com uma variedade de alimentos que satisfaça todas as demandas nutricionais. Uma dieta vegetariana necessariamente deve se concentrar em incluir elementos como ferro, cálcio, zinco e vitamina B12.

Origem do nome

São atribuídas duas origens ao termo: 1) vegetus ou vegetare, que em latim significam vigoroso, dar vida, animar; 2) união da palavra vegetais com o sufixo ariano. Quando os romanos utilizavam o termo homu vegetus eles se referiam a uma pessoa vigorosa e saudável.

Criação

Milenar

A alimentação vegetariana possui uma longa história. Ela está inserida em tradições asiáticas milenares, como o budismo e jainismo, e ocidentais, pois foi defendida por importantes intelectuais desde os primeiros filósofos gregos.

Religiões

Budismo, jainismo, bramanismo, hinduísmo, judaísmo e cristianismo possuem vínculos com a dieta vegetariana. As profundas ligações com tantas religiões ajudaram a difundir e manter viva essa prática alimentar em diversas partes do mundo.

Iluministas

As questões de fundo moral foram as grandes motivadoras para a disseminação da dieta vegetariana entre intelectuais europeus como Voltaire, o qual defendeu publicamente a prática.

Poetas e escritores

Poetas românticos como Shelley e romancistas da qualidade de Liev Tolstói não só adotaram a alimentação vegetariana como foram grandes divulgadores e defensores desse tipo de alimentação.

Meio ambiente

Atualmente, muitos grupos de defesa do meio ambiente estão ligados à dieta vegetariana, principalmente em razão dos problemas produzidos pela pecuária em todo planeta. A questão do aquecimento global ajudou a formar o caldo cultural que voltou a jogar luz na dieta vegetariana, tornando-a novamente algo popular.

Histórico

Hábitos alimentares saudáveis com exclusão de carne e preferência por alimentos frescos de maior vitalidade fazem parte de um estilo de vida natural praticado por vários grupos de pessoas desde a Antiguidade. Entre eles, estão os essênios, alguns gregos, os budistas, os tibetanos e os yogues, que optam pelo vegetarianismo sob a alegação de seguir a ahimsa, conceito da não provocar sofrimento, pertinente aos Yamas, o conjunto de princípios morais, éticos e espirituais que compõem o yoga.

O filósofo Pitágoras (530 a.C.) foi um dos primeiros a falar sobre dieta vegetariana no mundo ocidental. Platão, Epicuro e Plutarco também defenderam esse tipo de alimentação. Vários filósofos neoplatônicos defenderam uma dieta sem consumo de carne.

Na Índia, os seguidores do budismo e do jainismo, por questões éticas, a matar animais para a alimentação. Para eles, é errado um ser humano causar dor e sofrimento em qualquer criatura. O hinduísmo acabaria também agregando tal conceito à sua ética. Em razão disso, os hindus não matam vacas, que para eles é um animal sagrado.

Na Bíblia Hebraica (Velho Testamento) há textos dizendo que no paraíso os primeiros humanos não comiam carne. Em razão disso, há alguns monastérios que aboliram o consumo de carne.

Durante os séculos 17 e 18, alguns grupos protestantes adotaram dietas vegetarianas por questões religiosas. Entre os intelectuais europeus não religiosos também ocorreu uma disseminação das ideias vegetarias. Voltaire foi um dos maiores defensores do vegetarianismo. Já Percy Bysshe Shelley e Henry David Thoreau eram vegetarianos radicais.

A partir do século 19 o vegetarianismo se expandiu, principalmente após a fundação da Sociedade Vegetariana, na Inglaterra, 1847.  Vários intelectuais passaram a defender a dieta publicamente. Entre eles estavam Joseph Ritson, Alphonse de Lamartine e Henry Stephens Salt.

Nos EUA, o médico William Alcott, fundador da Sociedade Vegetariana de Massachusetts, defendeu o vegetarianismo sob as alegações de que essa dieta seria mais saudável física e mentalmente, mais econômica, possibilitando alimentar mais pessoas, e mais ética, por evitar a matança de animais.

O período entre a Primeira (1914-1918) e a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) o vegetarianismo se tornou uma necessidade econômica, em função da redução no consumo de produtos de origem animal e a inclusão de mais cereais e vegetais na dieta. Isso ajudou a produzir um avanço nas pesquisas científicas relacionadas com o tema. A partir da década de 1980, um fator que contribuiu para a expansão desse movimento foi a necessidade de rever a utilização dos recursos naturais e do estabelecimento de uma economia sustentável. 

Atualidade

The Smiths

O álbum Meat Is Murder, de 1985, da banda britânica The Smiths foi um dos maiores motivos para divulgar a dieta vegetariana entre os jovens. O líder do grupo, o cantor Morrissey, se tornou um dos mais expressivos personagens contrários à indústria carnívora.

Distúrbio alimentar

Uma pesquisa feita em 2009 por Ramona Robinson-O’Brien, do departamento de Nutrição da Universidade de Saint John, dos EUA, apontou que entre 2.516 jovens norte-americanos pesquisados, 20% dos vegetarianos sofriam de algum distúrbio alimentar. O trabalho foi publicado no Journal of American Dietetic Association.

Efeito estufa

Principalmente nos países desenvolvidos, os seres humanos precisam diminuir a quantidade de carne que consomem. Entre os principais motivos não está a defesa de uma dieta vegetariana, mas sim uma alimentação balanceada e o combate ao efeito estufa, principal causador do aquecimento global.

Isso porque entre os maiores produtores desse tipo de gás estão os rebanhos de bovinos. Durante a digestão, bois e vacas produzem e eliminam grandes quantidades de metano (CH4). Esse tipo de gás, junto com o gás carbônico (CO2) e o vapor d’água (H2O), cria uma cortina de gases em torno do planeta, a qual acaba impedindo o calor do Sol absorvido durante o dia pela Terra a voltar para o espaço durante a noite.

Com isso, as temperaturas permanecem altas. Portanto, quanto mais metano estiver presente na “cortina de gases”, mais quente o mundo ficará. Os rebanhos mundiais são responsáveis pela produção de mais de 35% do metano global. Para piorar o quadro, o gado e o setor de laticínios utilizam 70% da área cultivável do planeta. Nesse sentido, quanto menos carne vermelha a população mundial consumir, menores serão os rebanhos e a quantidade de metano produzida.

Desproporcional

São necessários aproximadamente 20 metros quadrados de terra para produzir 1 kg de carne bovina. O mesmo peso de legumes pode ser produzido em apenas meio metro quadrado.

No Meat No Heat

Em abril de 2008, uma campanha intitulada No Meat No Heat (Sem Carne Sem Calor) reuniu cerca de um milhão de pessoas em Taiwan, entre elas, importantes políticos e os prefeitos de Taipei e Kaohsuing. Todos os presentes fizeram uma promessa de não comer nunca mais carne vermelha ou peixe. Em Taiwan, aproximadamente 1,2 milhão de pessoas pratica o budismo, portanto, também são vegetarianas.

Mesmo assim, a campanha apontou para o problema gerado pelo efeito estufa, que prejudica milhares de pessoas todos os anos em razão dos eventos cada vez mais agudos provocados pelas mudanças climáticas.

Viva Bem

Em 2011, a WWF lançou a dieta Livewell (Viva Bem). A ideia era adotar uma alimentação que também ajudasse a combater o aquecimento global. O plano foi desenvolvido em parceria com o governo do Reino Unido e o Instituto Rowett de Nutrição e Saúde da Universidade de Aberdeen. De acordo com a dieta, pequenas mudanças alimentares podem reduzir os impactos gerados pela produção de alimentos.

Em termos gerais a dieta recomenda comer produtos mais sazonais e menos carne (vermelha e branca) e alimentos altamente processados, os quais utilizam mais recursos para produzir e geram mais poluição. A campanha foi amplamente aplaudida por grupos vegetarianos britânicos. 

Fundamentos

Razões religiosas

Os primeiros pensadores ocidentais, entre eles, Pitágoras, Platão e Epicuro, foram os que iniciaram a defesa da dieta vegetariana como uma maneira de viver respeitando a natureza. Eles condenavam sacrifícios sangrentos em cultos, acreditavam na reencarnação das almas e buscavam princípios de harmonia cósmica. Ao mesmo tempo, na Ásia, o hinduísmo, o budismo e o jainismo adotavam alimentações vegetarianas. As pessoas que seguiam essas religiões recusavam-se, por motivos éticos e ascéticos, a matar animais para comer. Também algumas vertentes do cristianismo e do judaísmo. Certas ordens monásticas passaram a se alimentar apenas de vegetais.

Razões éticas

Primeiro, as questões éticas ligadas à dieta vegetariana eram mais ligadas às nossas relações com o mundo natural. Elas eram adotadas por intelectuais como Shelley que percebiam nesse tipo de alimentação um valor ético da relação do ser humano com a natureza. Atualmente, essa postura foi tomada por questões de fundo mais real.

A qualidade da carne consumida hoje em dia é bem diferente da consumida pelos nossos ancestrais, em razão disso, está ocorrendo maior contaminação de indivíduos por resíduos de agrotóxicos provenientes da ração animal, com antibióticos, aditivos e excesso de gordura saturada que afetam negativamente a saúde.

A quantidade de proteína animal que se consome atualmente na forma de carnes, leite e derivados, é superior à de homens primitivos em função da maior disponibilidade desses alimentos no mercado. A média de ingestão de proteínas animais atual costuma ser o dobro das reais necessidades nutricionais de uma família de classe média.

Essa abundância gerou alguns questionamentos. Muitas pessoas passaram a considerar desnecessário manter uma alimentação com tanta proteína animal, principalmente em razão dos inúmeros problemas ambientais causados pela pecuária. Segundo o relatório A Grande Sombra da Pecuária (Livestock‘s Long Shadow), feito pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), o gado é responsável por aproximadamente 18% do aquecimento global.

Junto a essa questão reside todo o debate a respeito dos direitos dos animais, o qual vem sendo amplamente divulgado pelo filósofo australiano Peter Singer.

Razões nutricionais

Mulheres e homens que adotam dietas vegetarianas, segundo estudo publicado em 2011 pesavam até 17% menos do que aqueles que comiam carne. O principal benefício desse tipo de alimentação reside no fato de que os vegetarianos adoecem menos do coração. A pesquisa, feita por Susan Berkow, PhD da Universidade de George Mason, de Washington D.C, nos EUA, analisou 40 estudos diferentes relacionando hábitos vegetarianos e massa corporal. Esse tipo de levantamento indica os benefícios que uma dieta vegetariana pode trazer para indivíduos que, após consultar um nutricionista, adotem uma alimentação balanceada e sem carne.

Direitos dos animais:

Um dos principais motivadores da dieta vegetariana nas últimas décadas foi o debate em torno dos direitos dos animais. Esse tipo de discussão ganhou muita força após a publicação da Declaração Universal dos Direitos dos Animais, feita pela UNESCO, em Bruxelas, na Bélgica, em 1978.

A resolução aprovada pela ONU abriu caminho para o surgimento de uma nova ética, a bioética, que estuda questões filosóficas, sociais e legais decorrentes da medicina e as ciências da vida. Esse ramo do pensamento está preocupado principalmente com a vida humana, mas também trata de questões éticas relacionadas com o ambiente biológico não-humano, como é o caso dos direitos dos animais.

Em 2005, a ONU aprovaria a Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos, na qual há o seguinte trecho: “seres humanos são parte integrante da biosfera, com um papel importante na proteção um do outro e das demais formas de vida, em particular dos animais”. 

Na prática

A dieta vegetariana basicamente significa adotar uma alimentação sem qualquer consumo de carne. Para os mais radicais, como os veganos, são excluídos até mesmo o consumos de produtos de origem animal — carnes, ovos, leite e seus derivados. Tal dieta só é possível com a ajuda de um nutricionista. Para ser feita corretamente ela deve ser balanceada.

Portanto, não adianta parar de comer carnes e seguir consumindo cereais refinados, doces e frituras. Esse tipo de alimentação não trará benefícios. Um estudo publicado em 2011 e feito por Susan Berkow, PhD da Universidade de George Mason, de Washington D.C, nos EUA. Ela e o pesquisador Neal Barnard analisaram 40 estudos diferentes relacionando hábitos vegetarianos e massa corporal.

Eles perceberam que as mulheres vegetarianas pesavam de 6% a 17% menos do que aqueles que comiam carne. E o mesmo ocorria entre os homens: os vegetarianos são de 8% a 17% mais magros. O principal benefício reside no fato de que os vegetarianos adoecem menos do coração. Parte desses benefícios se deve ao fato da dieta vegetariana se diferenciar da onívora (com consumo de carnes) em aspectos que vão além da simples supressão de produtos de origem animal.

Os vegetarianos possivelmente fazem um consumo elevado de vegetais e frutas (ricos em vitaminas e fitoquímicos antioxidantes), cereais, leguminosas e frutas oleaginosas (nozes e castanhas), além de sua dieta conter menor quantidade de gordura saturada e, relativamente, maior quantidade de gordura insaturada, carboidratos e fibras. 

Principais nomes

Peter Singer (1946)

Criador da bioética, o filósofo utilitarista australiano Peter Singer é autor de Libertação animal, obra que narra em detalhes alguns dos métodos industriais mais assustadores no que diz respeito a criação de animais, principalmente galinhas e porcos. Formado em filosofia e história pela Universidade de Melbourne, na Austrália, em 1969, Singer foi para a Universidade de Oxford, no Reino Unido. Lá, ele trabalhou como professor de filosofia e passou a fazer parte de uma associação de vegetarianos.

Desde então, adotou o vegetarianismo e se tornou um dos maiores defensores dos direitos dos animais. Seus textos defendem uma expansão da esfera moral, que atualmente inclui apenas os seres humanos, para algo maior, que inclua também os animais. Para tal, ele argumenta que a capacidade de sofrimento somada à capacidade senciente das diversas espécies, ou seja, o que cada animal percebe pelos sentidos, permite defender um tratamento que poupe determinados animais de circunstâncias dolorosas.

Assim, Singer une sua crítica a todos os trabalhos que apontam para substancial contribuição da pecuária às alterações climáticas e poluição do ar, do solo e da água. A defesa dos direitos dos animais aliada ao combate à degradação da biodiversidade pela pecuária acabaram se tornando pedras fundamentais do vegetarianismo.

Atualmente, Singer é professor de bioética da Universidade de Princeton, nos EUA. Em 2013, durante uma palestra no Salão de Atos da UFRGS, na última edição do encontro Fronteiras do Pensamento Porto Alegre, Singer disse que os principais desafios éticos para a humanidade no século 21 eram quatro: pobreza global, mudanças climáticas, tratamento dos animais e como diminuir o risco de extinção de nossa espécie.

Morrisey

Stephen Patrick Morrissey, apelidado pelos fãs de Moz, nasceu em 22 de maio de 1959, em Davyhulme, na região metropolitana de Manchester. Filho de um porteiro de hospital e uma bibliotecária, Morrissey se tornou conhecido pelo seu trabalho como vocalista na banda The Smiths. Quando o grupo se separou, Morrissey continuou sua carreira solo. Hoje ele é uma das maiores estrelas do pop britânico.

Morrissey escreveu três livros. Eles são Exit Smiling, escrito em 1980, rejeitado e lançado apenas em 1998, quando o artista era mundialmente famoso; The New York Dolls, escrito em 1981, em que o cantor fala sobre sua banda favorita; e James Dean is not dead, obra lançada em 1983 que conta a vida do ator James Dean.

O artista, nos anos 1980, era declaradamente celibatário, fato que gerava grandes especulações sobre sua vida particular no Reino Unido. Depois, em razão de sua defesa intensa dos direitos dos animais e suas duras críticas contra pessoas que comem carne, Morrissey se tornou uma das figuras mais controversas do pop britânico. 

Entre as polêmicas que viraram notícias estão uma acusação de racismo e costumeiras críticas à família real britânica. Atualmente, ele é um dos grandes defensores do vegetarianismo no mundo. O cantor, que não come carne desde os seus 11 anos de idade, chegou a abandonar um show por sentir cheiro de carne assada e criticou abertamente os chineses, os quais ele acusa de tratar os animais de maneira cruel. 

Ramificações

TERMOS USADOS PARA DESCREVER OS SISTEMAS DE VEGETARIANISMO

Crudivorismo: dieta similar àquela praticada por nossos ancentrais, quando a dieta era feita a base de alimentos (verduras, frutas e legumes) crus.

Flexitariano: termo que unifica as palavras “vegetariano” e “flexível”. O flexitariano é uma pessoa que segue uma dieta vegetariana, mas que também se alimenta de peixe, e, pode, vez ou outra, se alimentar de uma porção de carne.

Frugivorismo ou Frutarianismo: aquele que só se alimenta de frutas. Steve Jobs, o criador da Apple, foi uma dos mais famosos praticantes desse tipo de dieta.

Vegetariano:  preferência por alimentos de origem vegetal e exclusão de alguns ou todos os derivados de animais.

Ovolactovegetariano: indivíduo que consome laticínios, ovos e exclui carnes.

Lactovegetariano: pessoa que se segue uma dieta vegetariana, que também come laticínios, porém, exclui ovos e carnes.

Ovo-vegetariano: dieta vegetariana que permite o consumo de ovos e exclui carnes e laticínios.

Pisco-vegetariano: dieta vegetariana que inclui peixes e exclui as outras carnes.

Semivegetariano: exclui somente carnes vermelhas e consome carnes brancas até três vezes por semana.

Vegetariano estrito ou puro: exclui todos os alimentos derivados de animais, inclusive o mel e laticínios.

Vegano: vegetariano estrito que recusa o uso de componentes animais não alimentícios, como vestimentas de couro, lã e seda, assim como produtos testados em animais.

Embora essas classificações sejam úteis para compreender melhor o vegetarianismo e suas facetas, elas não representam limites rígidos. Algumas pessoas usam carnes como condimento ou tempero para pratos vegetais ou grãos; outras, consomem carnes apenas uma vez por semana. Há também aqueles que se alimentam de leite e derivados para satisfazer as suas necessidades proteicas, além de consomir peixe ocasionalmente. Portanto, dividir as pessoas em categorias pode ajudar na compreensão, mas acaba também desprezando todos os estilos intermediários de alimentação que têm muito a oferecer.

Principais obras

Libertação Animal

Publicada em 1975, a obra de Peter Singer contribuiu imensamente para o debate sobre os direitos animais, chamando a atenção para as torturas e abusos praticados em espécies produzidas em fazendas industriais.

Introdução aos Direitos dos Animais

Escrito pelo filósofo e advogado Gary L. Francione, o livro é uma das primeiras obras a buscar organizar todo o debate a respeito do tema. Discute o uso e tratamento de animais tanto pela indústria alimentícia quanto pelos laboratórios de pesquisa científica.

Vegetarianismo — Sustentando a Vida

Escrito por Maria Laura Garcia Packer, o livro apresenta mais de 100 receitas veganas e dicas para tornar esse hábito alimentar parte do cotidiano. Entre as ideias presentes na obra estão conceitos como “conhecimento que liberta” e “espiritualidade que alimenta”.

Fontes e inspirações

Pitágoras (c. 570-495  a.C), filósofo e matemático grego, não consumia carne com base na teoria da transmigração das almas, segundo a qual a alma passava sucessivamente de um corpo para outro, inclusive para o corpo de outros animais, o que fazia com que o consumo da carne destes fosse comparável ao canibalismo. Dentre outros célebres defensores do vegetarianismo destacam-se

Voltaire (1694-1778), filósofo francês, foi um grande divulgador da dieta vegetariana.

Percy Bysshe Shelley (1792-1822), famoso poeta romântico britânico, foi um vegetariano convicto. Para Shelley, a alimentação produzia consequências físicas e morais. Ela ajuda a definir qual relação o sujeito teria com o mundo natural. Chegou a escrever os famosos ensaios A Vindication of natural diet e On the vegetable system of diet, nos quais defende uma alimentação vegetariana.

Henry David Thoreau (1817-1862), pensador norte-americano, que escreveu obras que influenciaram figuras como Martin Luther King e Gandhi, foi um ardoroso defensor da dieta vegetariana. Seu livro Desobediência civil é dos pontos fundamentais na história da defesa dos direitos humanos em todo o mundo. 

Liev Tolstói (1828-1910), romancista russo, também defendeu a dieta vegetariana. Ele não apenas foi entusiasta desse tipo de alimentação como a praticou durante boa parte de sua vida adulta.

Mahatma Gandhi (1869-1948), o líder que ajudou a Índia a conquistar sua independência, é pouco conhecido por seu vegetarianismo radical. Gandhi foi um grande defensor desse tipo de dieta e chegou a publicar o livro As bases morais do vegetarianismo.

Albert Einstein (1879-1955) notabilizou-se não apenas por suas teorias de física, mas também pela defesa da dieta vegetariana. É dele a célebre frase: “Nada beneficiará tanto a saúde humana e aumentará as chances de sobrevivência da vida na Terra quanto a evolução para uma dieta vegetariana. A ordem de vida vegetariana, por seus efeitos físicos, influenciará o temperamento dos homens de uma tal maneira que melhorará em muito o destino da humanidade.”

Adolf Hitler (1889-1945), o terrível líder nazista, também foi um praticante da dieta vegetariana. A alimentação adotada por Hitler já motivo de inúmeras polêmicas. O escritor e vegetariano Rynn Berry chegou a publicar o livro Hitler: neither vegetarian nor animal lover para negar que o chefe nazista fosse um vegetariano.

No entanto, em 2013, Margot Woelk, que durante a Segunda Guerra Mundialprovava a comida de Hitler para evitar que ele fosse envenenado, afirmou que a alimentação do líder nazista era basicamente feita de frutas e vegetais. Dessa forma, a disputa ainda continua principalmente em razão de a alimentação vegetariana estar sempre ligada a líderes pacifistas ou intelectuais famosos.

Interligações

De acordo com a ADA (Associação Dietética Americana) e o CRN-3 (Conselho Regional de Nutricionistas de São Paulo e Maro Grosso), as dietas vegetarianas, quando atendem às necessidades nutricionais individuais, podem promover o crescimento, desenvolvimento e manutenção adequados e podem ser adotadas em qualquer ciclo de vida incluindo a gestação, lactação, infância, adolescência e para atletas, podendo trazer benefícios na prevenção e tratamento de algumas doenças.

Inúmeros estudos científicos já demonstraram que é possível atingir o equilíbrio e a adequação nutricional com dietas vegetarianas (ovolactovegetarianas, lactovegetarianas, ovovegetarianas e até veganas), desde que bem planejadas e, se necessário, suplementadas.

Estudos têm mostrado fortes evidências ligando as dietas vegetarianas com a incidência reduzida de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) como a obesidade a reduzidas taxas de mortalidade por cardiopatias, além de baixos índices de colesterol, constipação, transtornos digestivos, menor pressão arterial, redução considerável do risco de apresentar diverticulite, diabetes, pedras na vesícula e diversos tipos de câncer, principalmente do intestino grosso e próstata.

A dieta vegetariana também facilita a atuação dos rins e do fígado que em inglês significa liver (vivedouro), devido à sua importância na nossa fisiologia.

Parte desses benefícios se deve ao fato da dieta vegetariana se diferenciar da onívora (com consumo de carnes) em aspectos que vão além da simples supressão de produtos de origem animal.

Os vegetarianos possivelmente fazem um consumo elevado de vegetais e frutas (ricos em vitaminas e fitoquímicos antioxidantes), cereais, leguminosas e frutas oleaginosas (nozes e castanhas), além de sua dieta conter menor quantidade de gordura saturada e, relativamente, maior quantidade de gordura insaturada, carboidratos e fibras.

Fontes de pesquisa

CONSELHO REGIONAL DE NUTRICIONISTAS – CRN3. Parecer CRN-3 minuta. [Internet]. Disponível em: http://www.crn3.org.br/legislacao/doc_pareceres/dra_denise.pdf. Acesso em: 18 set. 2012.

SILVA, Sandra Maria Chemin; MURA, Joana Dárc. Tratado de alimentação, nutrição e dietoterapia. São Paulo, SP: Rocca, 2007. 1122 p.

SIZER, Frances; WHITNEY, Eleonor. Nutrição, conceitos e controvérsias. 8.ed. Barueri, SP: Manole, 2003. 567p.

SOCIEDADE VEGETARIANA BRASILEIRA – SVB. Guia alimentar de dietas vegetarianas para adultos. [Internet]. Disponível em: http://www.svb.org.br/vegetarianismo/. Acesso em: 18 set. 2012.

VEGETARIAN SOCIETY. History of the Vegetarian Society. [Internet]. Disponível em: http://www.vegsoc.org/page.aspx?pid=827. Acesso em: 18 set. 2012.

http://www.telegraph.co.uk/history/world-war-two/9859294/Hitlers-food-taster-speaks-of-Fuhrers-vegetarian-diet.html

CONSELHO REGIONAL DE NUTRICIONISTAS – CRN3. Parecer CRN-3 minuta. [Internet]. Disponível em: http://www.crn3.org.br/legislacao/doc_pareceres/dra_denise.pdf. Acesso em: 18 set. 2012.

SILVA, Sandra Maria Chemin; MURA, Joana Dárc. Tratado de alimentação, nutrição e dietoterapia. São Paulo, SP: Rocca, 2007. 1122 p.

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VEGETARIAN SOCIETY. History of the Vegetarian Society. [Internet]. Disponível em: http://www.vegsoc.org/page.aspx?pid=827. Acesso em: 18 set. 2012.

Aprofundamento

http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0002822308023274

Pesquisa sobre efeitos do vegetarianismo em jovens norte-americanos

http://www.gutenberg.org/files/38727/38727-h/38727-h.htm

Texto de Shelley sobre alimentação vegetariana

http://www.princeton.edu/~psinger/

Site do filósofo Peter Singer

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/declaracao_univ_bioetica_dir_hum.pdf

Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos

http://www.cfmv.org.br/portal/direitos_animais.php

Declaração Universal dos Direitos dos Animais

http://www.vegetarianismo.com.br/sitio/

Site brasileiro de vegetarianismo

http://www.thefruitarian.com/

Site sobre frutarianismo e seus seguidores

http://www.nlm.nih.gov/medlineplus/ency/article/002465.htm

Dieta vegetariana

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