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Gerais

De bike pela América Latina

O fotógrafo Beto Ambrósio saiu de Araraquara, no interior de São Paulo, para percorrer 17 países
Bruno Torres
27/09/19

Em 2 de dezembro de 2012, Roberto Ambrósio Filho saiu de Araraquara, no interior de São Paulo, cerca de 280 km da capital, com a intenção de viajar de bicicleta por 17 países da América Latina. Tinha 24 anos. Em entrevista exclusiva para o Portal Namu, o fotógrafo revela que desde pequeno sonhava em percorrer o mundo de bicicleta, comenta sua passagem pela Bolívia e conta as vantagens de viajar por esse meio de transporte. "Descobri a beleza de uma viagem de bicicleta, como se fosse um segredo que a vida guardasse", diz ele.

Por que você decidiu partir pela América Latina de bicicleta?

O sonho existe desde criança, quando via meu pai fazendo pequenas viagens de bicicleta, coisa de 500 km em 3 ou 4 dias, isso mexia comigo. Sempre achei uma coisa incrível sair de uma cidade e chegar a outra pedalando. As coisas mudaram quando meu pai ganhou o livro de um rapaz que deu uma volta ao mundo pedalando em uma viagem de três anos e meio! Isso, sim, tocou meu coração de uma tal maneira que não foi mais possível deixar de sonhar com essa ideia todos os dias. Coloquei na cabeça que iria fazer uma viagem de anos, por vários países.

Essa é sua primeira viagem pedalando?

Não, comecei com uma viagem de dois meses com um amigo pela costa do Nordeste brasileiro. Foram sete estados e uma infinidade de experiências que engrandeceram ainda mais aquele sonho. Descobri a beleza de uma viagem de bicicleta, como se fosse um segredo que a vida guardasse, esperando o momento certo de me apresentar. Foi nessa viagem que eu descobri a melhor maneira de conhecer o mundo, porque é através da bicicleta que podemos conhecer as pessoas, podemos entrar de cabeça nas infinitas culturas que esse mundo possui. A bicicleta abre muitas portas.

Como é a relação com as pessoas que encontra pelo caminho?

As pessoas mais simples são as que te dão tudo o que têm: casa, comida e carinho. Vivi momentos muito emocionantes, dormindo na casa de pessoas maravilhosas, que em menos de uma hora já têm intimidade com você a ponto de colocá-lo para dentro de casa e tratá-lo como um grande amigo. É incrível o contato que a bicicleta proporciona, porque viajamos sem janelas com o peito aberto, sentindo o cheiro de tudo, ouvindo as pessoas gritarem bom dia para você, desfrutando de um contato muito grande consigo mesmo. O que não falta em uma viagem dessa é tempo para pensar!

Como foi sua experiência pela Bolívia? O que o lugar tem de diferencial?

A Bolívia é um país com as paisagens mais impressionantes que já vi. O Salar de Uyuni, por exemplo, é um deserto de sal. A impressão é de caminhar em outro planeta, uma coisa única. É uma cultura forte, de tradições incaicas, trazidas por um povo trabalhador, muito simples, guerreiro e respeitável. Respeito muito o povo boliviano, que em algumas partes, vive em condições extremas de frio e seca com pouca estrutura, pouca água, mas sempre trabalhando com um sorriso no rosto.

Os 20 dias em que estive pedalando por lá foram de muito aprendizado. Pude valorizar ainda mais tudo o que tenho, tudo o que como, cada banho com água quente e muitas outras coisas que às vezes passam desapercebidas no nosso dia a dia, mas que no fundo têm muito valor.

Estive em vilazinhas perdidas no meio do deserto, onde vivem apenas 40 pessoas em casas de barro, sem banheiro, com pouca água e pouca comida, coisas que me fizeram ver uma realidade impressionantemente simples e valorizar toda essa mordomia que tenho. O luxo de um banheiro, de uma cama macia, um prato de comida preparado com facilidade, em qualquer lugar que tenha uma cozinha, uma pia, uma geladeira. Coisas que pouca gente tem, por incrível que pareça. 

O que essa viagem significa para você?

Para mim, essa viagem significa uma grande evolução espiritual e, como disse, uma maneira de valorizar e agradecer a cada dia a vida que tenho, a comida que como, as relações familiares, amizades e muitas outras coisas tão simples e maravilhosas. Sentir na pele a simplicidade de povos como esse e, quando falo de simplicidade, não estou falando de pobreza, já que eu acho que essa simplicidade é a maior riqueza que o ser humano pode ter - nos faz repensar nossos valores, nos faz ver o quão mesquinha pode ser a nossa vida quando a nossa única preocupação é a riqueza material.

Estar em contato com essa realidade enche o meu coração de amor pela vida, pela existência, pelo ser humano, que é tão maravilhoso e generoso. 

Quais são os próximos lugares que quer visitar?

O roteiro dessa viagem está formado por 17 países. Já estou em Cuba e falta a Venezuela. Depois, vou entrar pelo Norte do Brasil até chegar a Araraquara novamente, na metade de 2015. 

Não consigo parar de sonhar. Depois de voltar para casa, começarei a "mexer os pauzinhos" para pedalar lá do outro lado do Oceano Atlântico. Talvez África, Ásia, talvez Oriente Médio. O que sei é que não dá para ficar parado! 

Financiamento coletivo

Na página do Facebook da Vestígio de Aventura (1), o ciclista compartilha fotos e relatos. Para seguir viagem, ele organizou uma campanha com financiamento coletivo. Quem quiser, pode colaborar (2). 

 

Fotos: Beto Ambrósio


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