A gestão adequada do lixo é um desafio constante em todo o mundo. Na cidade de São Paulo não é diferente. A metrópole, que possui mais de 11 milhões de habitantes, produz diariamente 20 mil toneladas de resíduos de todos os tipos. Essa montanha diária de lixo se torna ainda mais alarmante em função dos atuais índices de reciclagem da capital paulista. Apenas 2% de todo esse material é coletado e reaproveitado.
Esse total é pífio quando comparado com Nova York, por exemplo, que recicla 18% das 24 mil toneladas de lixo produzidas na cidade diariamente, quase dez vezes mais do que se faz em São Paulo. Chicago, também nos EUA, recicla 47% de seus resíduos. Na Europa e Japão, os índices beiram os 70%.
Com números tão fracos e diante da aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, o tema se tornou uma das grandes preocupações da atual gestão municipal. Os dados oficiais mais recentes informam que a coleta seletiva alcança apenas 75 dos 96 distritos paulistanos. No entanto, a Prefeitura garante que a universalização na coleta deve ocorrer até o final de 2016. Infelizmente, a baixa eficiência desse setor não é exclusividade de São Paulo. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010, apenas 994 municípios brasileiros possuíam coleta seletiva.
Atualmente quatro empresas são responsáveis pela coleta em São Paulo. A retirada de resíduos orgânicos e recicláveis é feita em dias alternados nos bairros atingidos pela estrutura seletiva. Além disso, existe uma segunda opção para quem quer reciclar e não tem o caminhão passando na porta de casa, os Postos de Entrega Voluntária (PEV). Ao todo a cidade possui 3.811 dessas centrais. Elas são grandes contêineres verdes instalados em supermercados, estacionamentos, escolas e universidades, onde é possível descartar materiais recicláveis.
Em São Paulo, os catadores são agentes importantes na missão de reciclagem. Em muitos bairros onde a estrutura formal não chega, são eles que fazem a coleta e revendem os materiais para cooperativas e empresas de reciclagem. Sem o trabalho desse pessoal, os índices de São Paulo seriam bem piores.
Quando a reciclagem está em pauta existem duas preocupações: a coleta e o processamento. Em 2012, São Paulo possuía apenas 21 cooperativas conveniadas com a prefeitura para fazer a triagem e tratamento, sempre operando acima da capacidade. Para mudar esse cenário, novas centrais têm sido instaladas na cidade. As estruturas são modernas, maiores e equipadas com novas tecnologias.
A primeira Central Mecanizada de Triagem da América Latina foi inaugurada em 5 de junho. Localizada na Ponte Pequena, na região do bairro do Bom Retiro, a estrutura recebe 250 toneladas de resíduos por dia e emprega 70 cooperados, de acordo com a Prefeitura. A tecnologia é o principal diferencial desse sistema. Porém, como a quantidade de lixo que a cidade recicla é muito pequena em relação ao total de resíduos produzido, o advento dessa única central será responsável por dobrar a capacidade atual de reciclagem de São Paulo.
O empreendimento possui 3 mil metros quadrados e sistemas automatizados capazes de fazer a separação dos resíduos. Após passar por leitores óticos, esteiras e um equipamento que separa os resíduos por dimensão, os materiais vão sair das máquinas prontos para a comercialização.
O resultado de tanta eficiência é sentido diretamente na economia. A estrutura conta com investimento médio de R$ 26 milhões, mas a cada mês pode gerar uma receita líquida mensal de R$ 1,6 milhão. Segundo Simão Pedro, secretário de Serviços da Prefeitura, a nova central “é um salto histórico na área de reciclagem em São Paulo. Em apenas um ano houve a decisão de fazer as centrais, a aprovação e a realização da obra. É um recorde”.
No mês de julho será inaugurada a Central de Triagem Santo Amaro. Outras duas centrais que seguem o mesmo padrão devem ser entregues até 2016.
Para que o lixo seja aproveitado no processo de reciclagem não basta apenas ser recolhido. O ideal é que os resíduos secos e de preferência limpos sejam separados do lixo orgânico. Muitas vezes, por conter restos de alimentos ou produtos químicos alguns materiais não podem ser reaproveitados. Veja abaixo a lista dos recicláveis e faça a sua parte:
Plásticos
Alumínio
Metais ferrosos
Papel e papelão
Vidro:
Materiais não recicláveis
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