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Indústria da reciclagem cresce no Brasil

A lei de que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos foi responsável pela ampliação do setor
Bruno Torres
27/09/19

Alimentos, roupas, equipamentos eletrônicos, automóveis, enfim, tudo que é produzido pelo homem tem um ciclo e precisa ser descartado corretamente. A questão é: o que fazer quando as coisas perdem sua utilidade e precisam ir para o lixo? O dilema enfrentado pela sociedade de consumo é gerado, sobretudo, pela falta de informação sobre como cuidar para que aquilo que produzimos não impacte de forma negativa o meio ambiente.

O que fazer com tanto lixo?

Muitas pessoas se esquecem de que os produtos criados pelo ser humano não desaparecem após o consumo e que cada item tem seu tempo de vida útil antes de ser descartado. Os atuais níveis de consumo, puxados pelo crescimento da economia, têm favorecido o aumento da quantidade de lixo gerado no Brasil. São produzidos em média 193 mil toneladas de resíduos domésticos por dia, segundo pesquisa de 2013 do Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre).

Na Região Metropolitana de São Paulo, cada cidadão produz 0,8 kg de resíduo sólido por dia. Na capital do estado, o valor chega a 1 kg, o que corresponde a 10% da quantidade coletada no país. Para reduzir os impactos dos resíduos no meio ambiente, entrou em vigor a Lei nº 12.305/10, também conhecida como Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). O texto tem como finalidade estabelecer "princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis".

Um aspecto importante dessa política é a discussão sobre o conceito de logística reversa, em que são estabelecidos instrumentos para viabilizar a coleta e reaproveitamento de resíduos pelas empresas e sua reutilização em ciclos produtivos.

Logística reversa

Essa ferramenta, apesar de recente, possui grande importância para o processo de reciclagem e reutilização dos produtos. Ela determina a responsabilidade compartilhada entre os geradores de resíduo, o setor empresarial, fabricantes e importadores sobre a captação e emprego de matérias-primas reutilizadas no processo de fabricação de um determinado produto.

O comitê interministerial que coordenou a criação da lei estabeleceu, juntamente com a sociedade civil e o empresariado, uma lista de resíduos com “logística reversa obrigatória” em razão de seus altos potenciais poluentes: pilhas e baterias, pneus, lâmpadas fluorescentes de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista, óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens e produtos eletroeletrônicos e seus componentes.

Catadores

Outro componente importante da PNRS é a valorização da ocupação dos catadores. O texto legal considera esse profissional fundamental para o processo de recolhimento de materiais recicláveis. Essa questão ganha importância ao elevar retirá-lo da marginalidade e torná-lo elemento ativo e socialmente incluído.

Antes relegados ao contato direto com os resíduos em lixões, hoje fazem parte das equipes de trabalhos das cooperativas e centrais de compostagem. A regularização dos trabalhadores da área de reciclagem também ajudou a reduzir a quantidade de atravessadores. Sem depender de intermediários, os cooperados podem fornecer materiais com melhor qualidade de separação e trabalhar sem riscos para a saúde.

Coleta seletiva

O tema de coleta seletiva é destaque nos debates sobre meio ambiente muito tempo antes da aprovação da PNRS. Contudo, a falta de políticas integradas por parte das empresas, governo e sociedade civil, tem dificultado sua implantação de forma eficiente. Muitos estudos têm comprovado potencial econômico desperdiçado pela falta de aproveitamento e dos resíduos orgânicos e inorgânicos. De acordo com o pesquisa feita em 2013 pelo Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre), o Brasil perde por ano R$ 8 bilhões ao enterrar os resíduos que poderiam ser reaproveitados. O valor estimado de faturamento nos processos de coleta, triagem e tratamento de materiais em 2012 foi de R$ 10 bilhões. Além da perspectiva de preservação ambiental, é inegável o potencial e viabilidade do setor de reciclagem.

Parece mas não é

“Reciclar uma tonelada de papel equivale a economizar 100.000 litros de água. Tudo tem uma conexão. Não existe nada que seja lixo, nós que criamos o que será descartado ou não. Tudo tem de ser tratado como recurso natural e como tal preservado, cuidado e valorizado. Tudo pode ser reciclado”, sentencia Ana Lúcia Carvalho, especialista em meio ambiente.

Silvia Martarello, engenheira civil, aponta a relevância da destinação final do resíduo: “Na logística reversa, trabalha-se para que os ciclos dos produtos tenham estratégias sustentáveis em busca de uma relação econômica benéfica para todos os lados, tanto consumidor, para indústria e o meio ambiente.”

Foto: Arquivo Agência Brasil 


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