Entre o Mar Vermelho e uma cadeia de montanhas no Egito, uma instalação artística feita de areia marca a passagem do tempo no meio do imenso deserto do Saara. “Em nossa cabeça, o deserto é um lugar em que se experimenta o infinito”, conta Danae Stratou, uma das artistas do projeto Desert Breath (respiro do deserto).
“A falta de objetos faz com que você perca a noção de escala, distância e orientação, fazendo do vasto horizonte a única referência visual de equilíbrio”. Assim, a obra de arte de 100 mil m2 tem como base em volumes cônicos de areia que sobressaem no horizonte. Ao mesmo tempo, a degradação natural dos cones de areia é marcada pela erosão, transformando os cones em imensos relógios geológicos.
"O ponto de partida é a figura cônica, o formato natural da areia”, explica Danae Stratou
Como surgiu o conceito do "Desert Breath"? O que ele representa?
Foi em maio 1995, quando fundamos o D.A.ST. Arteam para criar esse projeto. A equipe era formada pela arquiteta Alexandra Stratou, Stella Konstantinidis, que também é arquiteta, e eu. Nosso objetivo era criar uma realidade que poderia ser vivenciada através do tempo e se tornar parte da memória física.
O que foi necessário para construir a instalação?
A obra foi construída com areia e água, elementos encontrados local. Hoje, observando o projeto 17 anos depois, é incrível ver que ele ainda está lá, mesmo sendo feito apenas com esses materiais.
“Sempre tivemos a intenção de marcar o tempo com a lenta degradação da instalação”
O projeto que levou oito meses para ficar pronto deslocou 8 mil m3 de areia
“Tenho a sensação que daqui a muitos anos, ou até séculos, essa energia ainda vai estar lá”