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Diversão e Viagens

Viajar rumo à verdadeira vocação

“Recalculando a Rota” conta a estória de Alana Tranczynski que viveu em 5 países, morou em 15 cidades e mais de 30 endereços postais diferentes
Bruno Torres
27/09/19

Perdida. Foi assim que me senti durante os treze anos de vida relatados no livro que escrevi, Recalculando a Rota. É por causa desse sentimento que os leitores se identificam com a leitura. Não é por causa das histórias engraçadas, muito menos das felizes, nem pelo relato das viagens, mas sim por essa perturbadora sensação de que não estamos no lugar certo, de que nossa vida não está perfeitamente alinhada com quem somos verdadeiramente e poderia ter um propósito mais bem definido.

Afinal, o que estamos fazendo aqui? O que temos a acrescentar? O que poderíamos fazer para transformar este mundo em um lugar melhor e, ao mesmo tempo, nos beneficiar do entusiasmo que isso pode trazer para nossas vidas? Estas são algumas das perguntas que o livro procura responder a partir de minhas experiências divididas em quatro rotas.

Rota 1: Piloto automático

Nesta primeira parte, faço uma contextualização do meu meio, da minha família, de onde vim. Durante os dezessete primeiros anos, eu passei pela vida muito mais do que vivi. Tudo era simplesmente uma sequência de acontecimentos, rituais, loucuras emocionais, deveres, funções; como em um videogame em que você fica jogando e reagindo às coisas que aparecem na tela: cheio de monstros, precipícios, espinhos, espadas e mistérios.

Era acordar de manhã e ir dormir à noite sem propósito. Eu não sabia o que mais existia no mundo para ser vivenciado. Quando você não sabe, é muito fácil viver assim. É até muito prazeroso. A ignorância pode ser uma bênção.

Algumas pessoas tentam viver assim a vida inteira, mas em algum momento, não conseguem mais se conter: eu quero mais, eu quero mais! Eu quero viver e não passar pela vida! Eu quero ser. Esse grito do ser muda tudo. Ele não nos permite mais postergar aquilo que nosso coração sabe que deve ser feito. Foi assim, na marra, que evolui para a próxima etapa.

Rota 2: Buscar respostas no mundo

Conhecer o mundo foi uma das coisas que mudaram minha forma de ver a vida para sempre. Abriu meus olhos para realidades completamente diferentes e ampliou meus horizontes de todas as formas possíveis. Todo lugar tem uma maneira única de pensar: cultura, valores, deuses, hábitos, temperos, condicionamentos, tudo distinto.

O mundo de muita gente pode cair por terra ao perceber que sua vida foi baseada em valores que só são importantes em seu cantinho do planeta. Além disso, é estranho e surpreendente dar-se conta de que, quando caímos no mundo, viramos um zé-ninguém. A família à qual pertencemos não quer dizer muita coisa e todo o nosso patrimônio passa a ser aquilo que está dentro de nós.

Assim, percorri muitos países, morei em 5 deles, além de 15 cidades e mais de 30 endereços postais diferentes. Em cada um, uma importante lição foi aprendida. Lições como a humildade, a responsabilidade, o amor, o abandono das falsas crenças, das ilusões, dos condicionamentos, o hábito de confiar na vida, de transformar caminhos equivocados em aprendizado, de encarar os medos e aceitar ser diferente. Lições estas que foram essenciais, pois me fizeram aprender muito sobre mim, permitindo que eu assimilasse o próximo passo.

Rota 3: Esvaziar-se

Era a hora de fazer a viagem mais interessante de todas: para dentro de mim. É nesta escuridão que está escondida a chave que abre portas para um novo mundo de silenciosa satisfação.

A partir do momento em que tomamos consciência de nossos monstros sabotadores, eles vão perdendo seu poder. Após esta experiência, me dei conta de que a evolução espiritual ocorre muito mais como resultado da remoção de obstáculos do que a partir da aquisição de conhecimentos.

Acredito que alcançar um estado de paz interior é essencial para a tomada de decisões. Um passo importante foi deixar de lado a arrogância de achar que eu sabia alguma coisa. Lavar minhas dores, distúrbios, problemas. Alegrias também. Tudo. Esvaziar-me por completo.

Rota 4: Consultar o GPS interno

O GPS que precisamos para encontrar o caminho é interno. Foi olhando para dentro que fui descobrindo a minha verdadeira vocação: escrever. Publicar o livro foi um primeiro passo, muito difícil, e que desencadeou uma série de outros: publiquei outros textos em jornais, fui chamada para ser editora de uma revista, dar palestras, entrevistas.

“Recalculando a rota” está agora sendo distribuído em formato de e-book em todos os países de língua portuguesa por uma editora bem maior do que a minha no Brasil. Mas, ao longo de todo este processo, fui questionada muitas vezes sobre o que seria de minha vida (afinal, muitos pensam que ser escritor não é profissão) e ouvi uma série de outros questionamentos irritantes. É preciso confiar em um sentimento interno, que também é incompreensível, ou seja, é muito, mas muito difícil passar deste ponto. Não tem nada de conto de fadas, eu sentia um “baita” medo, tudo demorou demasiadamente.

Uma coisa que eu sempre digo e que faz parte do propósito do livro é: cada um de nós tem uma combinação única de experiências de vida. Existe algo neste mundo que só você pode trazer à tona. Encontre o que é, pois se não encontrar, todos nós estaremos perdendo com isso, a humanidade como um todo.

Seríamos uma sociedade muito mais feliz e justa se estivéssemos todos aproveitando nossos potenciais, utilizando nossos talentos, colocando nossa paixão em prática, realizando nossa missão. E não é que precisa ser algo fora do comum. Tem gente que inspira os outros sendo mãe, fazendo faxina, escrevendo blogs, fotografando, ajudando o próximo.

Seu destino é ser o mais essencialmente você possível. Cada um de nós é uma única e exclusiva manifestação do Todo. É mais fácil fazer parte de um coletivo do que ser único? Talvez.

Mas bom mesmo é encontrar aquilo que só você veio trazer. Este processo pode ser facilitado pelas viagens, já que quando saímos do nosso contexto fica mais fácil nos livrarmos também de nossos condicionamentos e conhecer quem somos quando não estamos sob a pressão de nosso entorno. No entanto, a grande viagem da vida é interna. E pode ser feita sem nunca sairmos do lugar. É preciso coragem.


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