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Medicina Integrativa

Vitamina D: polêmicas e benefícios

Estudos apontam que a maioria dos indivíduos do planeta apresenta deficiência de vitamina D
Bruno Torres
27/09/19

O dia a dia de muitas pessoas se resume a sair de casa para dentro do carro, depois sair do automóvel e ir direto para o escritório. O contato com o Sol ocorre, em alguns casos, apenas durante o horário de almoço, isso porque muita gente faz essa refeição em praças de alimentação dentro de shoppings centers, onde não se vê a luz do Sol.

Se você é um trabalhador de qualquer metrópole do planeta, essa rotina, com algumas variações, provavelmente faz parte do seu cotidiano. Mesmo no Brasil, com um clima privilegiado em comparação ao restante do mundo, nos acostumamos a passar a maior parte do nosso dia em ambientes fechados e longe do Sol. Algumas pessoas ficam semanas inteiras sem ter praticamente qualquer contato direto da pele com a luz solar. Mas será que isso é um problema?

Um número crescente de especialistas de todo o mundo vem apontando que a falta de Sol pode ser sim um problema, principalmente em função de sua ligação com a produção de vitamina D do nosso organismo.

Em seu livro Vitamina D - Como um tratamento tão simples pode reverter doenças tão importantes, o endocrinologista e pesquisador Michael Holick, da Universidade de Boston, nos EUA, estima que mais de 75% dos norte-americanos apresentam níveis insuficientes da substância.

No Brasil, esse problema também existe. Uma pesquisa publicada em 2010 por cientistas da USP (Universidade de São Paulo) e da UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo) mostra que a falta de vitamina D afeta 76,5% dos moradores da cidade de São Paulo durante o inverno, baixando para apenas 37,3% durante o verão. Ou seja: mesmo vivendo em um país ensolarado, são grandes as chances de estarmos com níveis inadequados de vitamina D neste exato momento.

Pessoas acessam uma estação de metrô por meio de uma escada rolante

Pré-hormônio

De acordo com o neurologista e pesquisador Cícero Galli Coimbra, da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), a vitamina D é atualmente considerada muito mais do que uma simples vitamina. "É na verdade um pré-hormônio responsável por controlar também 229 genes do organismo humano, o que representa 10% das funções de cada uma de nossas células", explica. Sendo assim, essa vitamina desempenha um papel central no metabolismo, funções musculares, neurológicas e, principalmente, imunológicas.

Tomar entre 15 e 30 minutos de sol no horário adequado, com braços e pernas expostos, três vezes por semana, parece ser o suficiente para a maioria das pessoas garantir níveis adequados de vitamina D. Mas é importante que a exposição seja feita sem filtro solar, como alerta o neurologista. "O protetor solar absorve a radiação ultravioleta, a mesma que produz a vitamina D. Portanto, se você usar um protetor de fator 30, ele vai absorver toda a radiação e vai reduzir sua produção em 99%. Por isso indicamos a exposição moderada, sem proteção, por alguns minutos, geralmente metade do tempo que levaria para sua pele ficar vermelha", orienta. Se tomar sol com regularidade não for uma opção, a suplementação com doses diárias de vitamina D é o caminho indicado.

Mulher estica as pernas par tomar um banho de sol na praia

Prevenção de doenças

"A reposição de vitamina D tanto na manutenção da saúde quanto na prevenção de patologias, é um dos elementos mais importantes da prática médica dentro do arsenal de ferramentas terapêuticas que o médico moderno dispõe. Grande parte da população mundial apresenta deficiência de vitamina D, e essa é uma discussão que precisa ser trazida à comunidade médica tradicional", afirma Ítalo Rachid, médico e coordenador do grupo Longevidade Saudável. Para endossar a tese defendida por Rachid, de alguns anos para cá, centenas de estudos vieram à tona associando um enorme espectro de enfermidades à falta de vitamina D.

Polêmica

Apesar dessas pesquisas, a classe médica está longe de chegar a um consenso. Em documento divulgado no final de 2013, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) não reconhece nenhum dos estudos que tratam dos novos benefícios da vitamina D como legítimos. No tratado, intitulado Consenso Brasileiro de Fotoproteção, e baseado em diretrizes lançadas pelo Institute of Medicine, dos Estados Unidos, a SBD alega que "o único benefício reconhecidamente relacionado à vitamina D é sua relação à saúde óssea, através da participação no metabolismo do cálcio".

A dermatologista Flávia Ravelli, que participou da confecção do documento, afirma que a incidência dos raios ultravioletas em um país como o Brasil não deve ser comparada com padrões internacionais. "A gente não indica a exposição intencional à radiação ultravioleta para a produção de vitamina D. Caso a pessoa tenha carência de vitamina D, pedimos que a pessoa tome isso de forma exógena, por meio de suplementos, em função dos riscos envolvidos", sugere.

Para tentar reverter o quadro de carência de vitamina D, o ex-deputado federal e médico Walter Feldman apresentou no final de 2013 um projeto de lei (PL 5363/13) que visa garantir às pessoas que trabalham sem interrupção por seis horas em ambientes fechados, os estudantes, os internados em hospitais e os presos, períodos de pelo menos 15 minutos de descanso, antes das quatro horas da tarde, para tomar sol. "Este é um problema grave. O sol que é o símbolo da vida na Terra hoje é um bicho-papão, por conta dessa neurose absolutamente exagerada do câncer de pele, que fez com que as pessoas fugissem do sol, ou se expusessem sempre com proteção, o que impede a produção da vitamina D”, ressalta Feldman.

Fotos: Luc Mercelis / Flickr: HDR_newaddict / CC BY 2.0; Thinkstockphotos

 


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