Há quem diga que comer carne não é natural para quem tem a possibilidade de se sustentar com uma dieta vegana. A população mundial faz isso por influência do carnismo, uma ideologia que impede os consumidores de relacionar os pedaços de carne em seus pratos aos animais mortos no abatedouro.
Quem defende a polêmica tese é a psicóloga social americana Melanie Joy, autora do livro Por que amamos cachorros, comemos porcos e vestimos vacas? e professora da Universidade de Massachusetts - Boston.
Joy deu uma concorrida palestra na 7º Seminário da Sociedade Vegetariana Brasileira – Vegetarianismo em Foco, parte da programação paralela da Naturaltech, em São Paulo. Confira a seguir os temas abordados na palestra e aprenda mais sobre a ideologia do carnismo no Brasil.
“Imagine que você foi convidado para jantar e sua anfitriã é especialista em comida italiana. Então você pergunta o segredo da lasanha e ela responde: 'é preciso usar 1,5 kg de carne de cachorro golden retriever bem marinado.' Existe a chance de você achar repugnante a carne que achava deliciosa.”, provoca a professora.
Para Joy, a diferença de atitude para com as duas espécies de animais é um exemplo do carnismo. Adotada sem que as pessoas percebam, essa ideologia faz com que as pessoas ajam contra os próprios interesses de preservar o bem-estar dos bichos. Joy cunhou o termo durante sua pesquisa de doutorado na Universidade Saybrook, nos Estados Unidos.
“Nós realmente nos importamos com animais. Mas quando se trata de animais comestíveis, há uma desconexão”, ressaltou.
“Não percebemos que estamos tendo uma preferência a cada vez que comemos. E essa lacuna em nossa consciência bloqueia a possibilidade de escolha.”
Para se perpetuar, segundo Joy, o carnismo usa mecanismos de defesa da psicologia social. Inclusive, uma delas é a negação.
“Cerca de 124 mil animais de fazenda são mortos globalmente a cada minuto”, afirmou a pesquisadora. Seus dados são endossados pela organização americana Farm Animal Rights Movement, que diz se basear em estimativas da Organização das Nações Unidas para Comida e Agricultura. “Mas o carnismo esconde as vítimas.”
Outro mecanismo para a ideologia permanecer, segundo a psicóloga social, é a justificação. “Dizem que comer carne é natural, necessário e normal. Os mesmos argumentos foram usados para justificar práticas violentas ao redor do mundo, como a escravidão, a dominância masculina e a dominância heterossexual”, afirmou Joy.
Por fim, Joy acredita que a ideologia ensina as pessoas a tratar animais como objetos sem individualidade. “Como a todas as vítimas das ideologias violentas, são dados números ao invés de nomes.”
Para Joy, o carnismo é uma ideologia frágil, ameaçada pelo crescimento do movimento da ideologia que é o seu oposto, o veganismo. “Por que vocês acham que precisamos de defesas psicológicas? Por que nós nos importamos [com os animais]. O carnismo é um castelo de cartas.”
A alimentação do brasileiro é baseada no carnismo, afinal de contas, concentra grande quantidade de carne in natura e produtos feitos à base dela. "O brasileiro consome, em média, 220 g de carne por dia, fato sabidamente nocivo. Devemos sim incentivar a redução de seu consumo pela saúde, seja pelo meio ambiente, seja por todas as demais consequências do seu consumo", afirma Slywitch.
Ele também fortalece a importância dos alimentos naturais no lugar de industrializados: "Se a ideia é aumentar o consumo de fibras, o incentivo mais saudável é o de aumentar o consumo dos cereais integrais, frutas, verduras, legumes e feijões. Esse aumento é muito mais saudável, não apenas pelo teor de fibras, mas pela ingestão de dezenas de substâncias que ajudam a combater doenças crônicas", finaliza.
Carina Müller, chef de cozinha, critica a tentativa da indústria em vender produtos cárneos com fibras:
Sobre o carnismo, a chef afirma que organismo humano não está familiarizado com o consumo excessivo de proteína de origem animal. Para ela, as características geográficas e ambientais do Brasil favoráveis ao plantio são pouco exploradas, o que poderia ser uma saída para reduzir o consumo de carne e estimular a agricultura familiar e orgânica.
Confira a entrevista na íntegra:
Marise Pollonio, professora da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp, acredita que o acordo firmado entre o Ministério da Saúde e a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos é um passo modesto na direção de melhorar a qualidade dos produtos cárneos no Brasil.
Veja a sua contribuição sobre o assunto:
Pollonio acredita que a redução proposta pelo pacto ainda é pequena. Segundo ela, essas mudanças poderão se tornar mais intensas no futuro e beneficiar os consumidores brasileiros.
Já Andrea Carla Barretto, professora do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da Unesp, não acredita na redução do consumo de produtos cárneos. Ao contrário, para ela seria importante que a legislação brasileira fosse alterada para permitir a inclusão de fibras nesses produtos.
Veja a entrevista na íntegra:
Barretto afirma que a inclusão de fibras em produtos como mortadelas, salsichas, empanados e hambúrgueres podem torná-los mais funcionais e combater a redução do consumo de fibras que ocorre atualmente no país.
Carina Müller, por sua vez, alerta para o esforço de marketing contido nessa prática. Entenda mais na entrevista completa:
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