Para quem nunca ouviu falar em dieta alcalina, o termo pode parecer estranho. Afinal, estamos mais acostumados a dividir alimentos por nutrientes, como carboidratos e proteínas, e não pelo seu índice de pH.
Entretanto, você sabia que o pH - índice que indica acidez, neutralidade ou alcalinidade - é alterado no organismo de acordo com o que é nele colocado?
Isso faz toda a diferença para o funcionamento do nosso corpo! Entenda nessa matéria por que dividir o que comemos entre alimentos alcalinos e alimentos ácidos e como uma dieta alcalina pode melhorar a sua saúde.
Não é novidade que alimentos industrializados e que diversos ingredientes que os compõem - como estabilizantes diglicerídeos de ácidos graxos, presentes na margarina, e corante caramelo E-150d, encontrado em refrigerantes - prejudicam a saúde.
Além disso, também já foi dito que o consumo de carne e embutidos pode aumentar o risco de doenças como o câncer, de acordo com relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2015.
“Que o seu remédio seja o seu alimento”, diz a famosa frase de Hipócrates, o pai da medicina ocidental.
Mas, além de nutrir o corpo com doses maiores de vegetais frescos e menos industrializados e proteínas animais, há um recorte mais específico da alimentação saudável que promete - e cumpre, segundo seus adeptos - a prevenção e auxílio para a cura de uma série de doenças: a dieta alcalina.
“O nosso organismo foi desenhado para ser alcalino e o pH da maioria das nossas células e fluidos, como o sangue, tem um valor muito específico de 7,365, ligeiramente alcalino”, explica a nutricionista Vanessa Sandrini, especialista em Terapias Integrativas.
Segundo ela, o corpo cria naturalmente ácidos por meio de suas funções. O que o obriga a ter um sistema de reservas alcalinas para compensar essa acidez interna.
Ao levar um estilo de vida “acidificante”. Ou seja, com má alimentação, stress, emoções negativas e falta de exercícios físicos. O organismo é forçado a utilizar suas reservas alcalinas para compensar esse processo não natural.
Conforme a nutricionista, essa situação provoca um “caos interno”, o que pode ocasionar o aparecimento de doenças.
“Se o organismo está constantemente utilizando cálcio do corpo para eliminar os ácidos que consumimos, podem então surgir sintomas de doenças como a osteoporose”, exemplifica.
A médica nutróloga Rosângela Arnt, especialista em Medicina Quântica, ramo da medicina alternativa baseada em princípios da Física Quântica, explica que a parede do intestino, quando muito ácida, leva a uma acidificação de um capilar que está por trás do órgão.
“Isso faz com que a acidez vá para a rede sanguínea e passe para as células dos demais tecidos do corpo, causando uma série de doenças”, alerta a médica.
Dentre os problemas resultantes de uma dieta ácida e da acidificação do organismo está a diabetes. Além de úlceras, hipertensão arterial, cancro, problemas cardíacos, entre outros. Sandrini explica que sintomas comuns de um pH desequilibrado incluem:
Estes são os alimentos mais comuns em uma dieta ácida:
Ambientes com poluição ou produtos químicos também podem contribuir para a acidificação e intoxicação das células.
Estão entre os alimentos que mais alcalinizam em uma dieta alcalina:
Segundo Arnt, o ideal é também evitar alimentos que se transformam rapidamente em açúcar. “Quanto mais glicêmico o alimento for, mais acidificante ele é ao longo de todo o processo de digestão e absorção”, explica.
Confira a lista geral com inúmeros alimentos alcalinos e ácidos no infográfico abaixo:
Sobre a alimentação crua, um dos princípios da dieta alcalina, a nutróloga explica que nem tudo o que é cru alcaliniza mas que, além de não perderem nutrientes importantes, vegetais crus possuem carga energética maior que os alimentos cozidos.
“Quanto mais vivos os alimentos, mais informação energética eles têm por meio dos biofótons, energia que passa dos alimentos para o nosso organismo”, diz a nutróloga.
Já foi comprovado cientificamente que a dieta alcalina possui relação com o câncer e doenças crônicas.
Em 1931, o fisiologista alemão Otto Warburg, recebeu o prêmio Nobel por provar que as células cancerígenas reproduzem-se mais facilmente em ambiente anaeróbio (sem oxigênio), que é ácido e rico em açúcar.
Para Otto, esse ambiente é criado por meio de uma “alimentação antifisiológica”. Que, neste caso, é o contrário da utilização de alimentos alcalinos.
Mais recentemente, o médico norte-americano Robert Young, no livro The pH Miracle (O Milagre do pH), defende que a acidificação do sangue e dos tecidos é a “doença base” de todas as outras.
“Ele apresenta vários estudos científicos e mostra como uma dieta alcalina é benéfica para combater doenças e também como antienvelhecimento”, afirma Arnt.
O médico brasileiro Sidney Fedderman é um dos que defende que consumir alimentos alcalinos durante o tratamento do câncer e de doenças crônicas é fundamental para fortalecer o corpo no combate a elas.
“Em seus livros, ele apresenta evidências e casos de cura completa de tumores, inclusive cerebrais”, cita a nutróloga.
Adepto da dieta alcalina há dois anos, o paulistano Edson Sá já pesou 110 kg. Teve asma, bronquite, pedra nos rins, pressão alta e diabetes.
Trabalhou durante 30 anos como designer gráfico em grandes empresas. E hoje, sem remédios, bombinhas e problemas de saúde, se dedica ao que chama de uma “vida alcalina”. Trabalha em casa com a mulher, também adepta, cultiva sua horta e consome apenas alimentos alcalinos, em sua maioria crus.
“Por muito tempo comi peixe, fígado de boi, derivados de leite e já cheguei a comer um quilo de carne por dia, quando fazia musculação”, conta.
Desde criança, Edson sofria com falta de ar. Tomava remédios de tarja preta e, ao crescer, percebeu que os hábitos alimentares agravavam o problema. Além de ter trazido outro. “Todo ano eu ia para o hospital internado com problemas respiratórios e tive pedra nos rins”, relembra.
Para reverter o quadro, faria uma cirurgia em um dos rins, que não foi realizada. Isso porque, por ter bronquite, teria uma reação alérgica a um líquido que seria usado no exame. “Comecei, então, a pesquisar sobre cura através de plantas e experimentar. Com isso fui percebendo que os rins e pulmão começaram a melhorar”, afirma.
Edson também começou a diminuir o consumo de carne, até parar de vez. “Percebi que estava comendo coisa morta e que o caminho era comer comida viva”, diz.
No entanto, substituiu a proteína animal pela proteína de soja. Além de produtos veganos industrializados e, mesmo vegano, começou a aumentar seu peso, até descobrir ter desenvolvido diabetes.
“Quando resolvi dar um basta, na primeira semana cortei o açúcar e emagreci 5 kg, comecei a desinchar e desintoxicar”, lembra. Quando recebeu os remédios para diabetes, os jogou fora. “Concluí que se fui eu o responsável por causar a doença, eu poderia ser o responsável por tirá-la do meu corpo”, diz.
Ao perceber os efeitos benéficos das experiências alimentares no corpo, foi reduzindo o consumo de industrializados até se tornar totalmente adepto da dieta alcalina.
“Ao ver os exames percebia que os problemas iam sumindo, a diabetes sumiu, o ácido úrico, colesterol e pressão voltaram a níveis normais”, conta.
Hoje, mantém uma alimentação quase 100% crua, regada a muitas frutas e vegetais, que podem ser aquecidos até 42ºC. “É a temperatura que os lábios e as mãos aguentam e que não mata enzimas e nutrientes”, explica.
Ele também consome probióticos, como spirulina, rejuvelac e algas, e mais nenhum medicamento. “Sabia que, se não fosse assim, ficaria a vida inteira tomando remédio sem ficar curado”, fala aliviado.
Já Márcia Faro, que mora em Ubatuba, litoral do estado do de São Paulo, passou a introduzir alimentos alcalinos na dieta da sogra Maria Olione, de 59 anos, e acabou também se tornando adepta da dieta.
Dona Maria, como é conhecida, apresentava diversos sinais de Alzheimer - doença progressiva que destrói a memória e outras funções mentais importantes -, segundo médicos, como dificuldades motoras e perda de memória, mas nunca foi diagnosticada oficialmente com a doença.
Márcia conta que Dona Maria “não conseguia pentear os cabelos, tomar banho, nem se vestir sozinha”. A sogra também apresentava diabetes, pressão alta e já havia feito uma cirurgia no coração, após um infarto.
“O médico chegou a aumentar a dose dos remédios para três vezes ao dia e ela começou a ficar demente”, relembra Márcia.
Após passar mal e desmaiar, dona Maria só queria comer biscoitos cream cracker e café e não conseguia andar sozinha. “Eu tinha que segurar em suas mãos e ir puxando devagar porque ela não lembrava como dava os passos”, conta. “Também usava fraldas descartáveis o dia inteiro e recebia comida na boca, igual neném”.
Márcia passou a pesquisar e oferecer apenas alimentos alcalinos e meses depois notou melhora.
“Hoje ainda preciso ajudá-la a tomar banho, pois perdeu a coordenação motora, mas anda bem, faz exercícios e come sozinha”, conta ela que, entrou em acordo com o marido para tirar os remédios que Dona Maria tomava após incentivá-la a seguir uma dieta alcalina.
Mesmo tendo melhorado, em todas as vezes que tomava alguns dos medicamentos (sete, no total), dona Maria ficava “aérea”, segundo a nora.
“Resolvemos testar tirar a medicação e eu passei a medir a glicose e a pressão seis vezes ao dia. Hoje ela não toma mais nenhum remédio e não tem diabetes nem pressão alta”, conta.
Márcia passou a germinar os alimentos - o que potencializa alguns nutrientes -, oferecer também probióticos e a aderir a dieta.
“Estamos quase 100% crudívoros e até minhas dores nas articulações melhoraram”, afirma Márcia, que tem suspeita de lúpus, e, junto com a sogra, também consome quase apenas alimentos alcalinos.
“Quem conhecia a dona Maria, não acredita que é a mesma pessoa”, afirma.
Para Arnt, é preciso colocar uma alimentação saudável como indispensável para o tratamento de qualquer doença, com recomendação de dieta adequada, exercícios, bons pensamentos e emoções. “Essas questões podem ser agregadas a qualquer tipo de tratamento alopático”, afirma a nutróloga.
Segundo ela, a reversão de doenças por meio da dieta alcalina é possível “desde que se seja extremamente rigoroso na dieta, mas que são eventos isolados.” ilustra.
“Na grande maioria dos casos, se diminui a quantidade de remédios, por exemplo, em que um diabético tomava quatro remédios e passou a tomar apenas um”, conta Arnt.
Além disso, ela explica que isso diminui os efeitos colaterais e aumenta a sobrevida. “Mas é muito importante não retirar os medicamentos sem consultar o seu médico assistente”, alerta*. “Foi um divisor de águas na medicina”, afirma Arnt.
No livro Lugar de Médico é na Cozinha, o médico cirurgião Alberto Peribanez Gonzalez mostra, com base na ciência, que a chave para a cura e para a saúde pode estar no cultivo de bons hábitos alimentares.
Segundo o médico, em entrevista ao canal do YouTube Saúde Frugal, mais de 2000 pacientes que passaram por ele reverteram doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, apenas por meio da alimentação viva.
*O NAMU partilha da opinião da médica nutróloga Rosângela Arnt e alerta sobre a necessidade de consultar opiniões médicas antes de retirar medicamentos de tratamentos.
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