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Imigração e culinária: cultura que dá água na boca

Imigrantes chegam ao Brasil e encontram na culinária uma oportunidade de recomeçar a vida
Da redação
03/03/20

A chegada de navios lotados, com mão de obra procedente de outros países, era comum nos portos brasileiros. A partir de 1800, muitos imigrantes desembarcavam no Brasil a fim de uma vida melhor. Alguns, inclusive, viram na culinária uma oportunidade de mudança de vida.

São Paulo e Rio de Janeiro eram os principais destinos dos recém-chegados. Entre malas e documentos os dias eram sempre os mesmos: pessoas desciam das embarcações sozinhas, ou com suas famílias, e logo se dirigiam as hospedagens ou a seus novos trabalhos. A ingressão de diversas nacionalidades fez com que o país crescesse e se tornasse um dos poucos no mundo com tanta diversidade cultural.

Após o fim do tráfico negreiro, seguida anos depois com o fim da escravidão, os fazendeiros começaram a substituir o trabalho escravo pela mão de obra imigrante. Com a ajuda do governo, pessoas de diferentes lugares vinham ao Brasil em busca de melhores condições de vida. Era uma época em que o país se desenvolvia e atraia olhares dos que procuravam novas oportunidades.

cultura e culinária

Os alemães

Os primeiros alemães se instalaram em Nova Friburgo, Rio de Janeiro. Os próximos se situaram no sul do país, os quais fundaram a primeira colônia do local, São Leopoldo. O intuito era povoar a região com os novos imigrantes, que trabalhavam nas lavouras e acabavam por conquistar uma parte das terras.

A segunda grande remessa de alemães, diferente dos anteriores, preferiram os grandes centros urbanos.

Italianos e japoneses

Os italianos também fazem parte de um dos maiores grupos que deixaram seu país para trabalhar nas plantações de café. Os problemas econômicos da Itália foram os principais motivos que levou ao êxodo milhares deles ao Brasil.

Já os japoneses, após a redução da vinda de europeus, chegaram em peso em meados de 1930. As regiões Sudeste e Sul foram as que mais receberam os orientais, destacando-se o interior de São Paulo. Na capital, no bairro da Liberdade, por exemplo, é possível notar a grande influência e tradição que deixaram, a qual seus descendentes mantêm viva até os dias de hoje.

O Brasil é referência em diversidade cultural. Portugueses, espanhóis, chineses, coreanos, bolivianos, lituanos e até russos estão entre as pessoas que ajudaram a construir o país.

Os árabes

Os árabes também ajudaram a construir a identidade do país. No final do século XIX, muitos deles, especificamente os sírio-libaneses, deixaram suas terras e vieram para o Brasil. Isso porque a região, sob domínio turco, vivia em constante conflito e dificuldade econômica.

Nada de trabalho rural. Afinal, os árabes, em sua maioria cristãos, eram bons mesmo com o comércio. Conhecidos como turcos, pois mesmo sírios e libaneses tinham passaportes da Turquia, eram mascates e vendiam desde tecidos a utilidades para o dia a dia. Normalmente levavam tudo em pequenos baús, por isso o nome armarinhos para estabelecimentos de variedades.

A 25 de março, uma das ruas mais conhecidas da capital paulistana, é um retrato da forte influência desse grupo de imigrantes. Isso porque foi o local escolhido por eles para morar e estabelecer os negócios. Inclusive, a data foi escolhida para o Dia Nacional da Comunidade Árabe.

Segundo uma pesquisa realizada em 2014 pela historiadora Juliana Khouri, os árabes contribuíram para a identidade atual de alguns bairros de São Paulo. Muitas ruas próximas ao Mercado Municipal, por exemplo, tiveram seus nomes modificados e hoje fazem parte do histórico da cidade.

De acordo com o estudo, a presença desses imigrantes ainda é viva, não só na região central, mas em outros locais como Vila Mariana e Paraíso. Atualmente, com a nova onda de imigração, é possível encontrá-los nas redondezas do Brás.

A culinária como uma nova opção

Uma boa comida é capaz de tranquilizar e matar as saudades, principalmente quando lembra a família. Afinal, ficar longe de sua terra e de quem se ama pode não ser tão fácil para algumas pessoas.

É por isso que muitos encontraram na culinária uma forma de manter suas raízes e passar as gerações futuras o que aprenderam com seus pais e avós. Mas não só isso. Por falta de oportunidades, os imigrantes optam por se dedicar a essa área para ter uma fonte de renda extra.

O ato de imigrar ou migrar para determinada região pode não ser o desejo de quem deixa tudo para trás. Talal Al Tinawi é um engenheiro sírio e chegou ao Brasil em dezembro de 2013. Devastada pela guerra, a Síria é um dos países que sofre com o êxodo de sua população.

De acordo com a Agência da ONU para Refugiados, Acnur, mais de 5 milhões abandonaram suas casas. A maioria vai para os países vizinhos ou procuram abrigo na Europa. Hoje, cerca de 2300 estão em solo brasileiro.

Talal, Gazhal, sua esposa e seus três filhos são refugiados. E ambos viram na culinária um modo de se sustentar. Sem parentes ou conhecidos, receberam ajuda de organizações para conseguirem aprender o português e dar aulas de pratos típicos árabes.

“Fiz um aniversário para meus filhos em minha casa e convidei algumas voluntárias da organização que estava estudando. Então uma voluntária falou comigo: essa comida é muito gostosa, por que você não trabalha como cozinheiro?”, conta Talal.

 

Talal Culinária Síria

A ideia então ganhou forma e a família Al Tinawi começou, em casa mesmo, a cozinhar para conhecidos. A boa fama dos temperos correu e os pedidos cresceram. Foi aí que decidiram, com a ajuda de outras pessoas, a criar uma campanha de financiamento coletivo para abrir o estabelecimento. A ação deu certo e em abril de 2016 inauguraram o Talal Culinária Síria.

Assim como a pizza e o macarrão, o kibe e a esfiha já fazem parte da culinária paulistana. Além desses, é fácil encontrar o tabule, famosa salada feita com trigo e tomate, e o homus, pasta de grão de bico. Ainda tem o cuscuz, que apesar de ser característico do magrebe foi incorporado com muita facilidade na culinária do Brasil.

A família Al Tanawi vai mais além. Feitos à base de berinjela, makdous, siekh mehchi, além da salada feita com pão sírio, o fatuche, estão entre as delícias feitas por eles.

imigração e culinária

“Quero continuar a trabalhar na cozinha, pois agora esse é o meu negócio”, declara Talal. Segundo o cozinheiro, o intuito é continuar com o estabelecimento, já que dá lucros, e no futuro abrir mais um. “Vai ser muito difícil para deixar o meu trabalho no restaurante, com a culinária, e começar a trabalhar como engenheiro”, completa. Voltar para a Síria só a passeio, uma vez que já refez sua vida aqui.

O caso dos Al Tanawi é mais um dos inúmeros que acontecem no mundo. O ato de cozinhar deixou de ser hobby para se tornar algo sério, até mesmo por profissionais formados e com longos anos de carreira.

Seja por prazer ou por necessidade, a culinária sempre será uma boa alternativa. Afinal, quem não gosta de um bom prato de comida?

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