Ela é daqui. Fruta nativa do continente americano. Chama-se goiaba (Psidium guajava) e pertence à família Myrtaceae. No Brasil, é conhecida por muita vez abrigar o bicho que come a própria casa e por ser o principal ingrediente da goiabada cascão em caixa – "coisa fina, sinhá, que ninguém mais acha", segundo o famoso samba de Nei Lopes.
O número de espécies dessa árvore é alto, as do gênero Psidium, mais comuns e comercializadas, podem ser encontradas em praticamente qualquer lugar no Brasil. Elas também estão presentes na região norte da América do Sul, na Índia e na América do Norte.
A goiaba é considerada um dos frutos mais completos e equilibrados do nosso cardápio. De altíssimo valor nutritivo, ela apresenta médio e alto teor de proteína, além de fibra, cálcio, fósforo, potássio e vitaminas A e C. No Brasil, as espécies mais conhecidas são a branca e a vermelha. O valor nutricional de cada uma não varia muito, porém, a principal diferença entre as duas é a presença de carotenoides.
Entre as substâncias mais importantes para a saúde na goiaba vermelha está o licopeno, carotenoide responsável pela cor avermelhada dos alimentos e importante antioxidante que ajuda a prevenir as ações dos radicais livres. O consumo diário da fruta auxilia o crescimento dos ossos, pode impedir o surgimento de tumores e reduzir níveis de pressão arterial.
Segundo a nutricionista Mariane de Mello, só o fato de comer a goiaba não é suficiente para evitar doenças. “Para se prevenir é necessário ter um conjunto de hábitos saudáveis, mas por ser rica em fibras, a fruta pode ajudar na redução do colesterol, por exemplo, e trazer maior sensação de saciedade”. Além de diminuir o risco de doenças cardiovasculares, a goiaba evita a inflamação e hemorragias nos órgãos e o envelhecimento precoce. Ela também melhora a cicatrização e o aspecto da pele.
Um estudo feito pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) em parceria com o Serviço Social da Indústria (SESI), mostrou que a casca da goiaba possui três vezes mais proteínas e 40% mais fibras do que a polpa. Por conta disso, é possível destacar inúmeros benefícios para aqueles que consomem esse alimento. O chá da casca é usado como anti-inflamatório, cicatrizante, analgésico e antisséptico para alergias e feridas.
A goiaba é tão versátil que pode combater inclusive o mau hálito, regular o ciclo menstrual e evitar dores de cabeça e ressaca causadas pelas bebidas alcoólicas. Basta mastigar a folha da árvore de goiaba antes de beber. Isso vai ajudar a vencer o mal-estar e a leseira que seguem uma noite com muitos drinques. As folhas dessa árvore são uma espécie de Engov natural. “Por mais que traga muitas vantagens, é preciso reforçar a importância de higienizar antes de comé-la”, lembra Mariane.
Diarreia, disenteria, corrimento, indisposição gástrica e inflamações são uns dos problemas que também podem ser tratados com sucos ou chás feitos com a casca da goiaba. Porém, é importante contatar um médico antes de se automedicar. Para quem sofre de prisão de ventre, não é aconselhável o consumo do fruto, pois possui fibras solúveis que retardam o funcionamento do intestino. A fruta também é ideal para combater o estresse e o mau humor, já que ajuda na redução de hormônios como cortisol e promove o bem-estar para quem a consome.
Na culinária brasileira, a goiaba é bastante utilizada. Pode ser consumida in natura ou em geleias, sucos, bolos, doces e molhos. Para quem gosta da fruta natural, a dica é ingerir assim que cortada para conservar a quantidade de suas vitaminas. A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é comer cinco frutas por dia. Segundo a nutricionista Mariane de Mello, "também é essencial variar as frutas durante o dia, melhor ainda, se for com opções da época, como o caqui”.
Foto 1: May Wong / Flickr: maywong_photos / CC BY ND 2.0
Foto 2: Chetan Kolluri / Flickr: cKoll / CC BY ND 2.0