É comum ver casos de alergia alimentar especialmente em crianças. O tipo agudo atinge de 1 a 2% dos adultos e 2 a 8% das crianças. Os sintomas são imediatos, normalmente expressos na pele e na mucosa. São poucos os alimentos relacionados a este tipo de alergia e eles podem ser identificados sem testes. Apenas traços dos alimentos são suficientes para desencadear a reação. Assim, o indivíduo comumente rejeita o alimento que lhe causa a alergia.
Alergia alimentar tardia
No entanto, pouco se sabe que existe outro tipo de alergia, a alergia alimentar tardia, que atinge cerca de 50% da população. Conforme o nome diz, os resultados são tardios, expressos conforme a dose, após dois ou três dias de consumo. O mais preocupante é que esta alergia é capaz de se manifestar em todos os tecidos. Atinge adultos e crianças, com alta frequência, não é reconhecida em testes cutâneos, e o alimento causador é normalmente apreciado pelo indivíduo.
Alimentos mal digeridos
Além dos alimentos alergenos, existem também aqueles alimentos mal digeridos, capazes de provocar o mesmo tipo de reação. Uma vez que o corpo reconhece apenas os nutrientes, as macromoléculas de alimentos mal digeridos que são absorvidas pelo intestino e vão para a corrente sanguínea podem ser identificadas pelo organismo como agressoras. Isso ativa o sistema imunológico e provoca uma inflamação como forma de defesa.
Prazer pelo proibido
Alimentos capazes de desencadear este tipo de reação alérgica, quando ingeridos, ativam o sistema imune e a liberação gradual de histamina. Este composto químico participativo em uma reação anafilática (uma reação alérgica que se desenvolve imediatamente e se não for tratada, pode levar a morte), quando liberado gradualmente e em pequena quantidade, provoca uma sensação de prazer, conforto, bem estar e relaxamento. Isso promove a preferência e vontade do alimento sensibilizante e causa uma dependência de consumo. O que pouco se sabe é que este mesmo alimento que provoca prazer, também poderá provocar doenças crônicas ao longo da vida.
Sinais e sintomas
Os sinais e sintomas causados pelos alimentos alergenos ou mal digeridos dependerão do órgão de choque do indivíduo, ou seja, o órgão bioquímico e geneticamente predisposto às inflamações e doenças.
O quadro abaixo relaciona sinais e sintomas conforme os sistemas do corpo:
Sinais e sintomas que podem ser provenientes de alergias alimentares tardias
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Respiratório |
Asma, rinite, sinusite, otite, amigdalite, bronquite |
Genito- urinário |
Cistite de repetição, candidíase, infecções urinárias, enurese noturna |
Gastrintestinal |
Diarreia, constipação, colite, gastrite, má absorção, doença celíaca, refluxo |
Metabólico |
Obesidade, baixo peso, celulite, perda de apetite, anorexia nervosa, bulimia, diabetes, hipertensão arterial, hipercolesterolemia |
Nervoso |
Cefaleia, enxaqueca, convulsão, Insônia, sonolência, depressão, agitação, ansiedade, fadigas |
Mental |
Hiperatividade falta de concentração, alteração de humor, distúrbios de aprendizagem |
Sistêmica |
Artrite reumatoide, tireoidite, lúpus eritematoso sistêmico, psoríase, alopecia areata, fibromialgia. |
Pele |
Acne, eczema, caspa, urticária, dermatite seborreica, dermatite |
Estas hipersensibilidades são muitas vezes confundidas com as próprias doenças, dificultando o diagnóstico, já que não há uma relação direta de causa e efeito. Se tratadas apenas pelos sintomas, não há resultados, uma vez que não foi eliminado o elemento causador: o alimento.
Alimento alergenos mais comuns
Muitos alimentos consumidos diariamente pela sociedade tem alto potencial alergênico. Leite de vaca e seus derivados chegam a atingir 81% da população brasileira. Glúten, ovos, castanhas, milho, soja, amendoim, frutas cítricas, açucares, corantes, fungos, peixes e frutos do mar são outros exemplos comuns.
Prevenção é tratamento
Diferente da alergia alimentar aguda, a alergia alimentar tardia não é permanente ou definitiva. Ela pode ser removida se o alimento é evitado. Existem poucos laboratórios no país que realizam exames capazes de identificar os alimentos que desencadeiam esta reação “oculta”. Além de raros, eles não são financeiramente acessíveis para todos. Desta forma, é importante uma observação da sintomatologia e a associação aos alimentos consumidos recentemente.
Realizar testes removendo alimentos “suspeitos” por um determinado tempo pode ajudar a chegar no causador. A busca por profissionais como médicos, naturólogos e nutricionistas especializados na área também pode auxiliar neste processo e prevenir diversas doenças crônicas desencadeadas por uma alimentação inadequada que varia de indivíduo para indivíduo.
Como já dizia o filósofo Lucrécio, o que é comida para uns, é para outros amargo veneno.
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