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Por que amar cães e comer porcos?

Para psicóloga Melanie Joy, ideologia bloqueia compaixão pelos animais que viram comida
Da redação
27/09/19

Comer carne não é natural para quem tem a possibilidade de se sustentar com uma dieta vegana. A população mundial faz isso por influência do carnismo, uma ideologia que impede os consumidores de relacionar os pedaços de carne em seus pratos aos animais mortos no abatedouro.

Quem defende a polêmica tese é a psicóloga social americana Melanie Joy, autora do livro Por que amamos cachorros, comemos porcos e vestimos vacas? e professora da Universidade de Massachusetts - Boston.

Joy deu uma concorrida palestra na 7º Seminário da Sociedade Vegetariana Brasileira – Vegetarianismo em Foco, parte da programação paralela da Naturaltech – Feira Internacional de Alimentação Saudável, Produtos Naturais e Saúde, na Bienal do Ibirapuera, em São Paulo.

Lasanha de golden retriever

“Imagine que você foi convidado para jantar e sua anfitriã é um especialista em comida italiana”, a professora provocou a plateia. “Você pergunta o segredo da lasanha e ela responde: 'é preciso usar 1,5 kg de carne de cachorro golden retriever bem marinado.' Existe a chance de você achar repugnante a carne que achava deliciosa.”

Para Joy, a diferença de atitude para com as duas espécies de animais é um exemplo do carnismo. Adotada sem que as pessoas percebam, essa ideologia faz com que as pessoas ajam contra os próprios interesses de preservar o bem-estar dos bichos. Joy cunhou o termo durante sua pesquisa de doutorado na Universidade Saybrook, nos Estados Unidos.

“Nós realmente nos importamos com animais. Mas quando se trata de animais comestíveis, há uma desconexão”, ressaltou. “Não percebemos que estamos tendo uma preferência a cada vez que comemos. E essa lacuna em nossa consciência bloqueia a possibilidade de escolha.”

Psicologia social

Para se perpetuar, defende Joy, o carnismo usa mecanismos de defesa da psicologia social. Uma delas é a negação. “Cerca de 124 mil animais de fazenda são mortos globalmente a cada minuto”, afirmou a pesquisadora, com dados endossados pela organização americana Farm Animal Rights Movement, que diz se basear em estimativas da Organização das Nações Unidas para Comida e Agricultura. “Mas o carnismo esconde as vítimas.”

Outro mecanismo para a ideologia permancer, segundo a psicóloga social, é a justificação. “Dizem que comer carne é natural, necessário e normal. Os mesmos argumentos foram usados para justificar práticas violentas ao redor do mundo, como a escravidão, a dominância masculina e a dominância heterossexual”, afirmou Joy.

Por fim, Joy acredita que a ideologia ensina as pessoas a tratar animais como objetos sem individualidade. “Como a todas as vítimas das ideologias violentas, nos lhes damos números ao invés de nomes.”

Movimento vegano

Para Joy, o carnismo é uma ideologia frágil, ameaçada pelo crescimento do movimento da ideologia que é o seu oposto, o veganismo. “Por que vocês acham que precisamos de defesas psicológicas? Por que nós nos importamos [com os animais]. O carnismo é um castelo de cartas.”

Foto: Divulgação
 


Veja também:
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A festa da culinária sem carne
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