Embora em um primeiro momento a meditação tenha sido abordada como uma prática meramente religiosa ou filosófica, nos últimos 20 anos houve um crescente aumento na produção de artigos por médicos e outros profissionais da área da saúde para compreender os seus efeitos na saúde.
Entre os anos de 1995 e 2005, por exemplo, observou-se um aumento de mil por cento no número de artigos que tratam sobre o assunto publicados na PubMed,. E apesar de uma grande parte dos mecanismos ainda ser desconhecida, uma série de vantagens da prática já está sendo reconhecida pelos cientistas. Quer saber quais são? Acompanhe o artigo a seguir.
No contexto da contracultura da segunda metade do século XX, quando houve protestos generalizados contra o imperialismo dos Estados Unidos, uma série de elementos orientais foi incorporada na sociedade moderna. Visava mostrar um novo estilo de vida, menos consumista que o proposto pelos norte-americanos.
Esse novo estilo de vida era aliado à Nova Era - movimento espiritual que contestou uma série de valores tidos como “tradicionais” em nossa sociedade. Ele, inclusive, possibilitou, por meio da globalização, a importação de cosmologias e valores orientais.
Permitiu também um “renascimento” das práticas tradicionais no Oriente, abrindo as portas para o estudo e o desenvolvimento das terapias naturais pelos cientistas da saúde. Assim, elementos de doutrinas budistas e hinduístas vieram até nós e a prática da meditação passou a ser mais presente na vida dos ocidentais.
Um dos principais benefícios da meditação se dá pela diminuição da liberação de cortisol na corrente sanguínea. Conhecido também como o hormônio do estresse, a principal função do cortisol é nos deixar em estado de alerta, ou seja, preparados para fugir ou atacar frente a uma situação perigosa.
De acordo com uma pesquisa da Universidade de Montreal1, o problema é que se o estímulo estressor for forte demais, continuamos secretando cortisol por vários minutos - mesmo após a situação ter passado.
Com a prática contínua da meditação, aliada não apenas à alteração da atividade eletro encefálica, mas também à mudança no ritmo respiratório, podemos interromper o ciclo desse hormônio. Assim, estimula-se a produção de endorfina e serotonina, que provocam sensação de bem-estar duradoura, influenciando positivamente o nosso humor.
Segundo Khare e Nigam2, a meditação melhora a atenção e concentração. E ao contrário do que o senso comum geralmente diz, a meditação não esvazia a mente de seu praticante.
Inclusive, conforme observado em eletroencefalogramas, a atividade cerebral aumenta significativamente durante a meditação. E isso indica que o cérebro fica mais alerta durante o processo meditativo – o que é observado pelo aumento das ondas alfas e gama (relacionadas à concentração) e pela diminuição das ondas teta (relacionadas ao sono).
O mais surpreendente é que essas mesmas ondas continuam presentes mesmo após a atividade meditativa, tal qual ressaltado por Khalfa et al.1. Ou seja, o indivíduo continua focado em suas atividades posteriores.
Na correria da vida moderna, adquirir esses benefícios não é tão difícil quanto pode parecer. Uma série de atividades oferecidas hoje nos centros urbanos como pilates, yoga, tai chi e artes marciais trabalha tanto o foco e a respiração quanto elementos de meditação.
Conforme observado pelas pesquisas, os efeitos benéficos de tais atividades sobre a saúde podem ser observados já após a primeira sessão e tendem a se tornar duradouros conforme a prática.
Um exercício simples de meditação que qualquer um pode fazer em casa é o scrying. Ele consiste na observação de um objeto, na tentativa de se concentrar, o máximo possível, em seus detalhes, buscando inspiração.
A forma clássica de fazer o scrying é observando um espelho ou outro fundo reflexivo, como a superfície da água. Também pode ser feito com pedras, chama de uma vela ou a fumaça de um incenso.
Repetindo esse exercício semanalmente, anote seus progressos, pensamentos e verifique como você fica ao longo da semana. Você notará que, conforme o pratica, conseguirá um grau maior de conexão consigo mesmo.
No início pode ser difícil silenciar a mente do turbilhão de preocupações do dia a dia para se focar nos exercícios de meditação. Mas com boa vontade e perseverança, facilmente, você pode chegar lá também.
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1. Khalfa, Stéphanie; et al. Effects of relaxing music on salivary cortisol level after psychological stress. The Neurosciences and Music (Anais), 999, nov. 2003, Estados Unidos. New York Academy of Sciences, 2005, pp. 374-376.
2. Khare, K. C.; Nigam, S. K. A study of electroencephalogram in meditators. Indian J. Physiol. Pharmacol. v. 44, n. 2, abr. 2000, pp. 173-178.