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Corpo e Mente

Sem pés no chão

Além de trabalhar com força e consciência corporal, o tecido circense traz o lado lúdico e possibilita a criação artística
Bruno Torres
27/09/19

O circo faz parte do imaginário de praticamente toda criança. Os palhaços, as acrobacias e os aparelhos aéreos deixam qualquer pessoa encantada, independente da idade. O tecido, um dos aparelhos acrobáticos de voo, se tornou popular atualmente também como atividade física. Ele, que surgiu na década de 70, em Paris, faz parte da era contemporânea do circo. Antes disso, existem relatos de artistas que faziam performances nas cortinas de cabarés em Berlim, na Alemanha, entre os anos 1920 e 1930.

Os movimentos realizados no picadeiro levaram inspiração para outras atividades, como o pilates, que tem posições parecidas com a acrobacia. Porém, existe um resgate pela prática original, seja em aulas particulares, em academias ou em escolas, para crianças. Por ser adaptável a diversos tipos de corpo e não ter regras preestabelecidas, permite uma maior liberdade para o exercício e flexibilidade no tempo de adaptação de cada praticante, já que é preciso bastante treino.

Gabriela Veiga, de 33 anos, é gestora ambiental e atriz. Durante seis anos foi integrante da trupe do Teatro Mágico, se apresentava ao lado da banda fazendo números de tecido acrobático e também trapézio. Foi neste período que se dedicou profissionalmente ao número circense, mas ainda hoje encontra tempo em sua rotina para praticar o que virou uma de suas maiores paixões.

Tudo começou quando ela tinha 18 anos e fazia bicos de garçonete em um bar para tirar uma renda extra. "Eu servia carne, o que sempre me desagradou, já que sou vegetariana. Certo dia, olhei para o palco e tinham duas meninas fazendo tecido. Foi quando me questionei o que estava fazendo naquele trabalho, já que também poderia estar voando, sem os pés no chão", conta. Não deu outra, Gabriela foi atrás de uma escola de circo e deixou a ocupação temporária como garçonete.

Para ela, o maior atrativo do tecido não foi meramente ser uma atividade física diferente, mas as possibilidades criativas de estar nas alturas. “Poder desafiar a gravidade, confiar em mim mesma”. A atriz confessa que nunca faria só pelo físico, já que não é um exercício tão simples e teve uma fase de adaptação lenta. "O tecido exige um tempo de adaptação corporal, mental e emocional. Se você não aceita esse tempo, vem a frustração. Foi o que aconteceu comigo, mas fui persistente.”

A dificuldade no começo da prática pode ser maior ou menor, dependendo da condição física do praticante. É preciso força, mas o processo de aprendizado ajuda a tonificar os músculos que serão usados nos movimentos, e mais, a trazer consciência corporal — grande segredo dos praticantes. “Pode parecer difícil de início, mas existe todo um caminho a ser percorrido. Com o auxílio de um profissional capacitado, todo mundo pode se desenvolver”, diz Alan Quinquinel, 27, professor de tecido há 4 anos formado na Picadeiro Circo Escola.

Ele confessa não ter encontrado nenhum impedimento quando começou a praticar, já tinha flexibilidade e força, fruto da prática de outros esportes, como o basquete. “Inicialmente considerei bastante a questão da atividade física, já tinha tentado fazer musculação e não era algo que me apetecia. Porém, o lado lúdico do circo foi o que me fez permanecer nessa arte”, diz.

O tecido traz, sim, resultados rápidos no físico, como o aumento da flexibilidade do corpo, o ganho de tônus muscular e a perda de gordura aeróbica por trabalhar bastante a região do abdômen. Além disso, trabalha a coordenação motora. “São muitos os benefícios”, acredita Alan. Entretanto, engana-se quem acha que para por aí. A evolução corporal traz inúmeras melhorias mentais.

Para Gabriela, a resistência é um dos pontos altos da prática, mas também é um processo de autoconhecimento e de expansão de consciência. “A partir do momento que você se vê em contato apenas com o vento e com o pano, você pode sentir medo ou desenvolver uma confiança muito profunda em si mesmo. O tecido te desafia constantemente, tem coisas perigosas. Ele te força a fazer um exercício mental de entrega muito grande”, acredita.

O tecido é uma atividade bem democrática. Alan garante que toda pessoa em plenas condições de saúde pode praticar.“Tenho alunas entre 5 e 70 anos”, justifica. As restrições são apenas para limitações físicas como problemas na coluna ou labirintite, já que existem posições invertidas e giratórias. Por fim, Gabriela aconselha: “O segredo é ter vontade e disciplina, sem pensar que não vai conseguir. Tecido é entrega e precisa de dedicação, assim como tudo que é do circo. ” 

Fotos: Divulgação


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