No Poo (sem shampoo) e Low Poo (pouco shampoo) são tratamentos capilares além dos convencionais. Cada vez são mais procurados em toda a internet.
Quem procura por ambos os métodos também já se deparou com uma “lista de produtos permitidos”. Já leu algo dizendo que “sulfato faz mal para o cabelo”. Ou, então, talvez conheça grupos e comunidades de pessoas que tenham reduzido ou eliminado o shampoo da rotina higiênica.
Mas, afinal, o que é tudo isso? Nesse artigo, vamos responder o que você precisa saber para conhecer as técnicas e aderir ao No Poo.
Quem idealizou e popularizou o No Poo como método de cuidado capilar foi a cabeleireira norte-americana Lorraine Massey. Autora de Curly Girl (foto abaixo), garota cacheada em português.
No livro, Lorraine Massey propõe um roteiro ilustrado com técnicas de limpeza para cabelos cacheados, ondulados e crespos. Incluindo algumas pouco utilizadas e/ou exploradas pela indústria de cosméticos e salões de beleza.
Mais conhecida entre elas, a Low Poo e sua versão mais “radical”, No Poo, ganhou notoriedade mundial. Atualmente é seguida à risca por centenas de mulheres e homens.
De acordo com o livro de Lorraine, a presença de determinados compostos químicos nos shampoos de uso diário inibe a beleza natural dos cabelos. Em especial os finos e com tendência ao ressecamento – que, em geral, é o caso dos cacheados e crespos.
Em razão de sua toxicidade, esses compostos, começando pelos sulfatos e derivados de petróleo, deveriam ser evitados ou eliminados gradualmente da rotina diária de limpeza dos fios.
O preceito básico da dieta capilar Low Poo e Noo Poo é evitar ou eliminar o uso do lauril sulfato de sódio, diz o “Guia Inicial” proposto pelo grupo virtual brasileiro “Low/No Poo para iniciantes”.
Segundo a compilação de informações, cuidadosamente escritas e editadas por integrantes membros mais experientes da comunidade, a substância atua como um detergente agressivo que retira em demasia a oleosidade necessária à nutrição dos cabelos.
“A ideia é trocá-lo por agentes limpantes mais leves. E como certas substâncias presentes em produtos capilares não são facilmente removidas por esses limpadores mais leves, a gente tem de evitar essas substâncias também”, explica a jornalista Marjorie Rodrigues.
Além disso, Marjorie revela ter encontrado no Low Poo mais uma forma de valorizar a beleza natural de seus cachos. “No fim, a gente recorre aos produtos mais naturais”, diz.
Para seguir os princípios do No Poo, a mudança na higiene capilar de Mayra foi além da simples eliminação do shampoo.
“Atualmente, para limpeza, uso uma solução de água filtrada e bicarbonato de sódio. Ou um shampoo em barra 100% natural, que é um higienizador liberado para Low e No Poo.
Depois, uso um condicionador adequado para cuidar do comprimento e das pontas”, conta. Em seguida, ela diz aplicar uma mistura de água filtrada, vinagre de maçã e óleo essencial de rosas. Isso para selar as cutículas do fio.
Apesar de ter obtido resultados rapidamente, Mayra acredita que o processo exige adaptação.
“O couro do cabelo começa a reagir com oleosidade excessiva até 'entender' que não vai mais ser agredido com o shampoo. Mas, no meu caso, ele agradeceu logo de cara."
Questionada sobre as vantagens que esse método menos convencional de cuidar dos cabelos poderia trazer, Marjorie, que entre suas funções de jornalista edita o blog Cabelo Bom, Sim Senhor (com dicas sobre cuidados e aceitação de cabelos cacheados) aponta: “a principal delas é sentir que o cabelo fica mais bonito naturalmente, sentir que você consegue deixá-lo assim sem ter de recorrer a químicas e alisamentos”.
Nesse sentido, ela acredita que as técnicas No Poo e Low Poo aumentam a autoestima das mulheres. Também, colaboram com o questionamento de ideias como cabelo crespo é ‘ruim’.
“Essas mulheres estão aos poucos se aceitando. Em vez de alisar, elas estão preferindo manter os fios cacheados. Mesmo que a sociedade ainda diga que esses fios não são bonitos. Elas estão questionando esse padrão de beleza restrito que nos é imposto”, acredita.
De acordo com Adriano Almeida, médico pós-graduado em dermatologia, tricologista e diretor da Sociedade Brasileira do Cabelo, os derivados de petróleo e os parabenos são reconhecidamente prejudiciais à saúde e devem ser abolidos dos cosméticos utilizados em seres humanos.
Eliminar as técnicas de limpeza com shampoos deixa o indivíduo sujeito a doenças. Algumas como a dermatite seborreica advinda da presença de micro-organismos. Já usar shampoos naturais é uma atitude válida.
Quanto ao lauril sulfato de sódio, o médico confirma a tendência ao ressecamento “dependendo da concentração ou da associação com outros ativos”, mas defende que deixar de usar shampoos pode trazer consequências negativas, principalmente se a limpeza for efetuada apenas com condicionadores (técnica comum ao No Poo, chamada de co-wash).
O uso exclusivo de produtos orgânicos para No Poo não é regra para quem segue a prática. Mas é comum encontrar, entre os adeptos, quem faça uso de receitas caseiras para higienizar, hidratar ou selar as cutículas do cabelo.
“São opções econômicas, eficazes e ecologicamente corretas”, diz Talita, que uma vez por semana trata os fios com óleo de linhaça ou azeite de oliva.
No grupo dedicado ao Low e No Poo do Facebook é possível encontrar dezenas de receitas de shampoos elaborados exclusivamente com ingredientes orgânicos.
Para quem ainda não se aventurou no método, mas se interessa por cosmetologia natural, Adriano Almeida, que também é especializado em couro cabeludo, sugere algumas receitas baseadas em ingredientes caseiros que podem ajudar a hidratar fios danificados:
Os três processos podem ser repetidos uma vez por semana. Para cabelos quimicamente tratados, que normalmente já estão fragilizados, a dica é realizar um processo ainda mais leve. “O ideal é fazer banhos com chá de erva-cidreira duas vezes por semana”, finaliza o médico.
Assim como Marjorie, a redatora Mayra Lobão, mesmo não tendo cabelos cacheados, decidiu parar com o uso de produtos que tenham lauril sulfato de sódio e derivados de petróleo.
Seis meses depois, Mayra pensou: “O que mais posso fazer para melhorar meu cabelo?”
Aos poucos, ela resolveu eliminar também os que contém silicones não solúveis até que, finalmente, optou por parar de usar shampoo.
“Sei que muita gente vai criticar e achar nojento, mas a essas pessoas, agora, eu diria: quer pegar no meu cabelo? Quer cheirar? Para mostrar que está bem limpinho”, brinca.
Por muitos anos, a designer Talita Lima não abriu mão da chapinha e do alisamento diário. Mas desde que aderiu ao Low Poo relata ter percebido o quanto gostava de seus cabelos naturalmente ondulados.
Ela confessa ter doado todos os produtos que já somava no armário do banheiro por falta de resultados.
“Percebi que aqueles com parafina e óleo mineral mascaram momentaneamente, mas não tratavam os fios em longo prazo. Quando parei de usá-los, me dei conta da real necessidade do meu cabelo”, diz ela que uniu-se à mãe e deu início a uma rotina com menos shampoo e mais atenção aos rótulos.
Em relação a esse aspecto, Marjorie afirma visualizar uma tendência. “As pessoas começaram a questionar o que há nos produtos capilares e se as substâncias que estão lá são mesmo necessárias.
No Low/No Poo, elas começaram a aprender a ler as embalagens e entender o que significam aqueles nomes complicados na composição do produto.
“Elas estão se tornando consumidoras mais ativas, mais conscientes”, analisa. “Acho que é uma forma de empoderamento”.
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