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Medicina Integrativa

Ayurveda contra a depressão

O tradicional sistema indiano pode ajudar a melhorar a sensação de bem-estar e prevenir problemas de saúde
Bruno Torres
27/09/19

Tristeza, vazio, perda do prazer nas atividades diárias, alteração no apetite e interesse sexual, problemas no sono e na capacidade cognitiva (difícil raciocínio e concentração). Esses são alguns dos sintomas que uma pessoa com depressão pode apresentar. Nem todas as pessoas relatam a sensação subjetiva de tristeza, no entanto. Algumas sentem a perda da capacidade de experimentar prazer nas atividades em geral e uma redução no interesse pelo ambiente que as cerca. A medicina ayurvédica, tradicional sistema de saúde indiano, busca tratar este problema de uma maneira integrada, na busca do equilíbrio do corpo como um todo, em vez de apenas tratar os sintomas de forma isolada.

Problema de saúde pública

Um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2012 mostrou que, a cada ano, 5% da população mundial sofre de depressão, configurando um problema de saúde pública. Ainda segundo a OMS, cerca de 15% das pessoas sofrerão do problema em algum momento da vida.

Acredita-se que a depressão possa ser reflexo de um desequilíbrio no nível de neurotransmissores como a serotonina. Pesquisas recentes, além disso, relacionam o problema aos hormônios do estresse (CRF, cortisol e outros), que prejudicam os neurônios ao alterar a composição química do meio onde as células nervosas exercem suas funções.

Traumas estão associados à depressão

A depressão pode estar relacionada a acontecimentos como a perda de alguém próximo, traumas e outros processos da vida do indivíduo. O estresse causado por eventos traumáticos como violência física, abuso sexual e ausência de cuidados maternos pode levar à produção exagerada de CFR no hipotálamo, seguida de liberação de cortisol pelas glândulas suprarrenais, um quadro associado à depressão na vida adulta.

Uma visão completa do indivíduo

Na medicina ocidental, antidepressivos e psicoterapia são usados como tratamento, entre outros métodos. A medicina ayurvédica enxerga o indivíduo como um ser único, com características exclusivas. Ela considera o homem como um microcosmo do universo e, como ele, formado por cinco elementos da natureza: espaço ou éter, ar, fogo, água e terra, que se unem dois a dois para formar os doshas (humores biológicos), que atuam na nossa fisiologia e em nossos desequilíbrios.

Espaço e ar formam o dosha vata, fogo e água geram o dosha pitta. Água e terra formam kapha. A combinação desses elementos no indivíduo é o que chamamos de prakriti, a constituição natural de cada um.

Problemas nas funções sutis

O médico Danilo Maciel Carneiro, especialista em ayurveda, diz que há dois grupos principais de depressão, uma inerente à pessoa e outra provocada por fatores diversos.

“A primeira é parte da constituição genética, algo interno que se manifesta como uma doença específica”, diz Carneiro. “No ayurveda, é tida como parte da prakriti (constituição psicofísica) da pessoa.” Nesse caso, o tratamento tende a ser mais difícil, segundo ele, por ser o problema algo inerente ao indivíduo, sendo o ayurveda usado como coadjuvante da medicina convencional.

O outro grupo diz respeito às depressões do humor reativas a situações externas da vida emocional, profissional, familiar ou pessoal, explica Carneiro. São agravações das funções sutis do sistema nervoso central em resposta às tensões e frustrações provocadas pelo meio. Estas são consideradas agravações das funções mentais dos doshas.

Harmonia dos doshas

Erick Schulz, diretor do Instituto Naradeva Shala, explica que no ayurveda os tratamentos para depressão são suaves, naturais, eficazes e contribuem para um estado de longa duração do equilíbrio, reduzindo a tendência à recorrência. “Dessa forma, o ayurveda oferece um tratamento mais eficaz da depressão, sem efeitos colaterais negativos e com a possibilidade real da prevenção, promovendo níveis mais elevados de saúde psicológica interior”, afirma.

Os tratamentos com uso de antidepressivos normalmente exigem um mínimo de até três semanas, enquanto os tratamentos ayurvédicos, embora suaves, começam a produzir resultados mais rapidamente, afirmao especialista. “Os dois tratamentos são compatíveis, mas é fundamental consultaro médico que acompanha o tratamento do paciente antes de tomar qualquer erva, caso ele inclua medicamentos com prescrição médica”, completa Schulz.

O médico Danilo Maciel Carneiro comenta que, na visão ayurvédica a maneira de prevenir doenças e desequilíbrios é manter a harmonia dos doshas. Por isso, cada indivíduo recebe orientações específicas para sua constituição e desequilíbrio. “O uso de ervas e técnicas de acordo com o ayurveda obedece a critérios relacionados ao sistema tridosha. Assim, elas podem ser indicadas para harmonizar os doshas de acordo com a necessidade da pessoa que está sendo cuidada. Existem diversas ervas que têm ações no sistema nervoso e podem ser usadas de acordo com essas indicações ayurvédicas,” diz ele.

Desequilíbrios dos doshas

Schulz explica que, segundo o sistema indiano, a maior depressão é o desequilíbrio do dosha kapha, que acaba levando à desarmonia dos outros dois doshas. “A eletroquímica do cérebro tem uma reação exagerada (desequilíbrio vata), o que provoca uma perda de atividade enzimática no metabolismo (desequilíbrio pitta). Kapha responde, trazendo tristeza, escuridão e estagnação que mente-corpo interpretam como a mensagem negativa de desespero e depressão”, explica.

“Em outras palavras, quando o metabolismo não funciona bem, ama (toxinas) se aloja no cólon (vata), no intestino (pitta), ou no estômago (kapha), entra na circulação, segue para o sistema nervoso e interfere no funcionamento normal dele e da mente”, completa Schulz. De acordo com o especialista, as toxinas podem ser consequência de uma alimentação desequilibrada e má digerida, de impressões e sentimentos e também de fatores ambientais, como a poluição.

Insatisfação e alteração de humor

“Desequilíbrio vata também pode causar depressão”, continua Carneiro. “A depressão do humor provocada por agravação do dosha vata é acompanhada de uma insatisfação geral, caracterizada por ansiedade, preocupação, medo, fobias, insegurança, uma agitação mental vazia e inespecífica acompanhada por insônia.”

O especialista explica ainda que na depressão pitta, alergias e desequilíbrio nos processos metabólicos podem perturbar a química cerebral. “Isto pode causar mudanças de humor dramáticas”, explica.

“A depressão do humor provocada por agravação do dosha pitta é acompanhada de irritabilidade, pessimismo, sarcasmo, raiva, ciúme e um alto grau de insatisfação gerado por exigência e perfeccionismo”, relata Carneiro. “As preocupações e a ansiedade, neste caso, são relativos a situações reais e específicas. A sensação de perda de controle pode chegar ao sentimento de inutilidade e ao desejo de morte”.

Novos hábitos e atitudes

Carneiro diz que a depressão pode levar o paciente a atitudes negativas e que o ayurveda pode ajudar a melhorar o problema. Para ele, o tratamento convencional não deve ser abandonado. “O tipo constitucional, de natureza orgânica, é caracterizado por um modo disfuncional do sistema nervoso central e requer acompanhamento de médico psiquiatra, pois envolve risco de suicídio ou riscos a terceiros. A depressão do tipo reacional merece avaliação psicológica ou médica para analisar os riscos e verificar se existe indicação de tratamento psiquiátrico.”

O ayurveda sempre pode ajudar como um fator de equilíbrio do sistema psicossomático, acredita Carneiro, por meio de medidas que promovam a harmonia dos doshas e gunas mentais (princípios ou elementos fundamentais da prakritti, dividido em três: satva, rajas e tamas). “Estas medidas incluem orientação da alimentação, das rotinas diárias e mudanças de hábitos e estilo de vida, além das técnicas corporais do ayurveda (massagens e práticas externas) e do uso de ervas naturais.”

Exercícios e comidas leves

Algumas das indicações dos especialistas são: praticar exercícios físicos e evitar comidas pesadas, que podem aumentar a sensação de prostração e atrapalhar o “fogo digestivo”, tornando difícil a digestão e gerando toxinas.

Foto: Amila Tennakoon / Flickr / CC BY 2.0


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