A massagem shiatsu é uma técnica japonesa que prioriza a pressão em certos pontos do corpo e pode ajudar a melhorar dores crônicas em pessoas com fibromialgia.
É o que revela uma pesquisa realizada na Universidade de São Paulo (USP) que investigou se essa terapia complementar era eficaz ou não para aliviar as dores de um grupo de pacientes com dor, sono, ansiedade, equilíbrio e qualidade de vida. Os resultados foram promissores.
“No início do estudo, 70.6% dos pacientes do grupo elegido para passar por sessões de shiatsu estavam severamente comprometidos em sua qualidade de vida por causa da fibromialgia. Após o tratamento, essa porcentagem caiu para 29,4%”, comenta Susan Lee King Yuan, fisioterapeuta responsável pela pesquisa, que foi sua dissertação de mestrado em ciências da reabilitação pela Faculdade de Medicina da USP.
Já a Universidade de Alberta, no Canadá, produziu um estudo sobre shiatsu autoaplicado. Os pesquisadores acreditam que essa técnica pode ser efetiva para melhorar o sono em pacientes com dores crônicas.
A ideia do trabalho foi encontrar um tratamento de baixo custo, sem uso de medicamentos e que, por não ser agressivo, não assusta os pacientes. O trabalho dos pesquisadores canadenses também pretende ajudar pessoas com dor crônica a dormir melhor.
Como os estudos indicam, a massagem shiatsu tem muitos benefícios a oferecer para os portadores de fibromialgia. Mas o que é essa síndrome?
O indivíduo portador de fibromialgia possui uma dor crônica e generalizada. Essas pessoas sofrem com dores em pontos específicos do corpo, chamados “tender points”, que apresentam mais dor quando tocados.
Na maior parte dos casos, o diagnóstico é realizado através do histórico do paciente, descartando-se outras possíveis hipóteses com exames, pois não há um teste específico para a patologia.
A pesquisa na USP sobre massagem shiatsu teve a duração de dois anos e foi realizada com 34 pessoas, entre 33 e 62 anos, divididas em dois grupos.
O grupo shiatsu (GS), realizou sessões da técnica corporal com duração de 50 minutos, duas vezes por semana, durante oito semanas;
Já o grupo controle (GC) recebeu apenas orientações educativas sobre a fibromialgia através de uma cartilha.
Os grupos foram avaliados após quatro e oito semanas. Os pesquisadores mediram uma série de fatores:
Em todos esses aspectos, exceto ansiedade, a diferença entre os indivíduos que receberam sessões de massagem shiatsu e os que não receberam foi significativa.
As figuras abaixo mostram a evolução dos dois grupos no decorrer do tratamento:
Como mostram os dados, apenas no índice sobre ansiedade o valor do grupo shiatsu e do grupo controle foram iguais, com 35,3% das pessoas apresentando baixa ansiedade, e 64,7%, alta ansiedade. Em todos os outros quesitos, os pacientes que receberam shiatsu tiveram uma evolução significativa.
Após a conclusão das sessões de massagem shiatsu, 29,4% das pessoas do grupo shiatsu revelaram estar “muito satisfeitas” com o tratamento, 64,7% se disseram “satisfeitas” e apenas 5,9% afirmou não estar “nem satisfeito, nem insatisfeito”.
Os resultados positivos mostram que a massagem shiatsu trouxe benefícios, mas Yuan reconhece que o estudo ainda tem limitações.
Segundo a fisioterapeuta, seriam necessárias mais pesquisas clínicas e com um grupo maior de pacientes para garantir com toda certeza que a terapia com massagem shiatsu é benéfica para pacientes com fibromialgia no geral.
“Entretanto é uma terapia alternativa e complementar segura, com um grande potencial para melhorar o quadro do paciente com fibromialgia em diversos aspectos e, portanto, vale a pena ser aplicada”, afirma Yuan.
O shiatsu se baseia na medicina tradicional chinesa, que parte da premissa que o corpo possui um fluxo de energia vital, chamado “ki" ou "chi”.
Essa energia é essencial à manutenção de saúde em todos os seus aspectos: físico, mental, espiritual e emocional.
Tudo precisa estar em equilíbrio para que o indivíduo se sinta bem. Os profissionais que executam a prática da massagem shiatsu acreditam que é a interrupção do fluxo de energia vital que proporciona o aparecimento de doenças no ser humano.
Essa energia circularia pelo corpo através de canais virtuais, chamados meridianos, que se conectam com pontos na superfície da pele – os mesmos pontos utilizados pela acupuntura.
A medicina tradicional chinesa, na qual a massagem shiatsu está baseada, é uma técnica milenar que foi introduzida no Japão através do intercâmbio cultural entre os dois países, principalmente de monges budistas e médicos nos séculos 5 e 6.
Com o tempo, as técnicas japonesas modificaram a prática chinesa e deram origem a algo novo: o shiatsu.
Na massagem shiatsu, o terapeuta pode pressionar esses pontos com os dedos, mãos, cotovelos, joelhos e pés. Essa massagem é feita para desbloquear o fluxo de energia vital e restaurar o equilíbrio do corpo.
Como a técnica recebeu influência da medicina ocidental, ela também:
Além dos aspectos técnicos, as terapias complementares podem trazer benefícios por causa de outros fatores.
A relação terapeuta/paciente é um componente importante, porque se baseia na continuidade, escuta ativa, confiança e natureza igualitária.
Ela atende um aspecto emocional do paciente. As explicações dadas pelos terapeutas durante as sessões favorecem a compreensão da doença e dos processos de cura, mudando o foco do tratamento e proporcionando às pessoas um conhecimento do corpo que vai muito além do aspecto somente físico.
Além da massagem shiatsu, alguns exercícios físicos são recomendados para aliviar as dores e desconfortos do dia a dia por meio do alongamento e fortalecimento dos músculos. E um desses exercícios é o yoga.
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