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Medicina Integrativa

Vitamina D para doenças autoimunes

Terapia desenvolvida no Brasil ganha espaço entre pacientes e atrai o interesse de outros profissionais
Bruno Torres
27/09/19

O Brasil vive hoje uma das experiências mais radicais e bem-sucedidas no mundo com a utilização da vitamina D para tratamento de doenças autoimunes. A farta literatura médica que relaciona a deficiência do composto a essas patologias levou o neurologista Cícero Coimbra a desenvolver um protocolo terapêutico que utiliza altas doses da substância. Em pouco mais de dez anos, Coimbra alcançou resultados expressivos, que em muitos casos atingiu a remissão completa de doenças consideradas incuráveis, como a esclerose múltipla. Seu tratamento já beneficiou mais de duas mil pessoas.

“Praticamente 95% dos pacientes que chegam com doenças autoimunes apresentam baixos níveis de vitamina D no sangue. É fundamental que essa deficiência seja corrigida, mas isso hoje não é levado em consideração por boa parte da classe médica”, adverte Cícero Coimbra, neurologista e pesquisador da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

A vitamina D tem o papel de bloquear reações anormais do sistema imunológico, e faz isso com o poder de um hormônio, não de uma simples vitamina.

Nos últimos dias 23 e 24 de agosto foi realizado o II Simpósio Brasileiro sobre o Potencial Terapêutico e de Prevenção da Vitamina D para a Saúde Humana, organizado pelo Instituto de Investigação e Tratamento de Autoimunidade, em que mais de 50 médicos de todo o Brasil e do exterior vieram a São Paulo para aprender a utilizar o protocolo de altas doses de vitamina D criado por Cícero. Vários deles estiveram também no Simpósio ocorrido no ano anterior. Desde então, eles têm realizado o mesmo tratamento, como é o caso do médico e reumatologista argentino Eduardo Frischling. “Eu vinha estudando há muitos anos trabalhos científicos que mencionavam o poder terapêutico da vitamina D e já utilizava com meus pacientes, só que em doses menores. Depois de aprender a usar quantidades maiores com o Cícero, minha vida como médico mudou e os resultados tem sido muito bons”, relata. Além do argentino, o evento também contou com a participação de médicos da Itália, Peru e Paraguai.

O tratamento para doenças autoimunes consiste na administração de doses individualizadas de vitamina D aliada a uma dieta específica e alguns cuidados especiais para evitar possíveis efeitos colaterais relacionados ao acúmulo excessivo de cálcio no organismo. De acordo com Coimbra, mais de 3.000 pacientes já foram atendidos na sua clínica, e os melhores resultados são observados com portadores de esclerose múltipla, doença degenerativa em que o próprio organismo agride o cérebro e a medula espinhal e muitas vezes chega a incapacitar os indivíduos afetados por ela.

“Descobrimos que a vitamina D, por ser um potente imunorregulador que atua em praticamente todas as células do nosso organismo, tem a capacidade de desligar a doença na grande maioria dos casos, e é o que temos observado com os pacientes”, afirma o médico.

Certa manhã no início de 2008, Ana Cláudia Ortiz acordou com o lado direito do corpo formigando. Em poucas horas, a sensação havia se alastrado para o lado esquerdo. Após dois meses e depois de muitos exames e investigação, ela foi diagnosticada com esclerose múltipla. Imediatamente começou a tomar injeções diárias de uns dos medicamentos indicados para a doença. “Além de muito doloridas, as picadas deixavam caroços e hematomas nos locais de aplicação”, conta. Logo em seguida, soube de uma amiga que realizava o tratamento da vitamina D e marcou uma consulta.

Hoje me trato apenas com a vitamina D e tenho uma vida normal. A doença nunca mais apresentou atividade, conta Ana Cláudia

“Comecei com os dois tratamentos em paralelo. Depois de 1 ano e meio com o medicamento convencional, aparecerem quadros de taquicardia e pressão alta. Logo foi constatado que tais sintomas eram efeitos colaterais do remédio. Hoje me trato apenas com a vitamina D e tenho uma vida normal. Minhas ressonâncias magnéticas mostram, ano após ano, que a doença nunca mais apresentou qualquer tipo de atividade”, relata Ana Cláudia. Feliz com os resultados alcançados com o tratamento, Ana se dedica diariamente a ajudar outras pessoas, atuando em uma rede social como moderadora de um grupo formado por mais de 10.000 pessoas interessadas nesta terapia.

A Associação Brasileira de Neurologia (ABN), no entanto, se opõe ao tratamento proposto por Cícero Coimbra. Em consenso publicado no meio de agosto de 2014, a ABN alega que ainda falta suporte científico para a indicação da vitamina D como tratamento único para uma doença como a esclerose múltipla. “Atualmente, a indicação de vitamina D em altas doses e em monoterapia é considerada experimental. Para sua utilização em estudos clínicos é mandatória a aprovação de um projeto de pesquisa por um Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos, regulamentado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), além de exigir consentimento esclarecido assinado pelos pacientes”, defende o documento. Essa pesquisa, contudo, ainda não foi realizada.


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