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Gerais

Guardiões da Mata Atlântica em Sampa

Preservação une índios guarani da aldeia Tenondé-Porã e comunidade do terreiro Asé Ylê do Hozoouane
Bruno Torres
27/09/19

Eles venceram a desconfiança mútua em nome da preservação do meio ambiente. Foi assim que os índios guarani da aldeia Tenondé-Porã e os centros religiosos de cultura afro-brasileira, como o Asé Ylê do Hozoouane, se uniram no extremo sul de São Paulo, em meio a uma paisagem exuberante e escondida para a maioria dos paulistanos. Vivem entre rios, cachoeiras e a Mata Atlântica ainda conservada. Tudo ainda está lá em razão do trabalho árduo dessas comunidades tradicionais, que aprenderam a coexistir em um pequeno paraíso pertinho do caos da cidade.

"A falta de conhecimento entre esses dois grupos diferentes gerava certa barreira e preconceito de ambos os lados", aponta Guaíra Maia, fotógrafa e arquiteta que participou do projeto “Entre a Cidade e a Floresta”. Segundo ela, o tempo e o contato derrubou a intolerância que havia entre os integrantes das duas comunidades de origens étnicas distintas.

O trabalho de Maia surgiu com o objetivo de registrar e compreender a sociobiodiversidade da área, que concentra povos diferentes, os quais partilham a realidade de uma vida cheia de intenso contato com a natureza. “O trabalho foi desenvolvido durante um ano com o intuito de aproximar as duas culturas através do conhecimento que elas possuem sobre as plantas e da espiritualidade que isso envolve”, explica Maia.

Ver de perto e reaprender

A vivência com as duas comunidades foi registrada em fotografias e em um documentário realizados através do Instituto Refloresta. “Eles são os guardiões da mata na região e a industrialização fez com que muitos costumes fossem perdidos. Foi muito interessante ver a busca constante dessas pessoas por resgatar a percepção do cuidado com a natureza”, enfatiza a fotógrafa.

“Um dos pontos fortes do projeto é manter vivas as tradições dessas comunidades. Conseguimos reforçar trazer a ideia de que cabe a esses povos a preservação dos saberes e da manutenção da nossa biodiversidade”, ressalta Maia.

O sagrado da natureza

A espiritualidade que se transforma em respeito e preservação é um exemplo. Tanto a comunidade guarani quanto a de matriz africana acabaram mergulhadas na luta pela preservação ambiental. “Os dois povos, apesar de origens diferentes, convergem no significado atribuído ao sagrado das plantas tanto no uso medicinal quanto nos rituais” explica Maia.

“Nós perdemos a noção de que somos natureza, o “povo branco” diluiu essa ideia. O contato com essas comunidades faz notar que esse saber é muito perceptível. Eles sabem que todos nós somos natureza”, enfatiza a fotógrafa.

A diferença cultural entre comunidades tradicionais e a população que vive na cidade está em compreender que o meio ambiente é mais complexo do que a imagem criada pela sociedade. Os ciclos da natureza estão interligados e a biodiversidade depende de uma série de fatores mais complexos do que assuntos isolados. “Temos a mania de colocar esse assunto dentro de caixinhas, separadas, o que é uma forma de exclusão. Precisamos enxergar de maneira transversal para não afastar as pessoas do assunto”, completa.

Ilha do Bororé

Também localizada na APA Bororé-Colônia, a ilha do Bororé esconde mais um pouco dos mistérios da cidade de São Paulo. Nesse local pouco conhecido, projetos de agroecologia e transformação social permitem o fortalecimento do cultivo de orgânicos e da preservação do ambiente e manutenção da biodiversidade da Mata Atlântica.

Jaison Pongiluppi Lara pertence a uma família que mora há mais de 50 anos no local. Hoje ele trabalha no coletivo EcoAtiva, que promove a manutenção das atividades na ilha. "Nós estamos revitalizando uma casa de cultura abandonada e trabalhamos com agroecologia com as crianças que moram na ilha", conta Lara. Segundo ele, a igreja de São Sebastião, construída em 1904, foi tombada como patrimônio histórico da cidade de São Paulo.

Onde encontrar esse paraíso

O trabalho foi realizado dentro de duas APAs - Área de Proteção Ambiental. Uma delas é a comunidade guarani que vive na Capivari-Monos, a primeira reconhecida dentro do município de São Paulo; a outra, a APA Bororé-Colônia, onde está localizado o centro religioso Asé Ylê do Hozoouane, o qual promove a cultura afro-brasileira através de práticas religiosas, samba de roda e capoeira.

Para chegar até o local de transporte público, o site da prefeitura de São Paulo fornece duas opções:

Metrô/ônibus:Na Estação Vila Mariana do metrô, pegar o ônibus Terminal Parelheiros para acessar a APA via o bairro de Colônia. Para chegar à APA via o Bairro do Bororé, descer na estação de trem Grajaú e pegar o ônibus Ilha do Bororé (6L11-10) até a Primeira Balsa.

Trem/ônibus: Trem até a Estação Grajaú, e depois há duas opções, uma pegando o ônibus Ilha do Borore (6L11-10) e descer na primeira balsa. A segunda opção é andar da estação de trem Grajaú até a Av. Senador Teotônio Vilela, 5402 e pegar o ônibus Terminal Parelheiros (6000-10).

Foto 2 e 3: Guaíra Maia Foto 4: André Bueno Foto 5: Nathalia Kamura Foto 6: Edu Graja

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