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Gerais

São Paulo livre e acessível para todos

Dimensão humana oferecida pelo contato com a rua transforma o olhar sobre a cidade
Bruno Torres
25/11/15

Atitudes e iniciativas para melhorar a locomoção das pessoas que vivem na maior capital da América Latina foram tema do encontro Desafios da mobilidade urbana em São Paulo. Falou-se sobre o direito de acesso à cidade de forma democrática, através da integração de pessoas, carros, transporte público e bicicletas. Novas políticas públicas para o transporte estão no cerne da transformação necessária na capital paulista e em outras partes do país.  

Bicicleta e transporte público são apontados como solução para problemas de locomoção em São Paulo 

Organizado pelo Greenpeace Brasil e mediado por Natália Garcia, do projeto Cidade para Pessoas (1), o debate, realizado em 27 de junho, foi aberto por Eduardo Vasconcelos, assessor técnico da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP). O pesquisador alertou para a necessidade da mudança de comportamento. “O automóvel é colocado como um bem supremo e o transporte público é tido como algo ruim, mal visto pela maioria das pessoas”, comenta Vasconcelos.

A necessidade de apoio político foi apontada por ele como essencial para efetivar grandes mudanças em uma cidade como São Paulo. “Chegamos à conclusão de que construímos um sistema insustentável. Vejo que o primeiro tempo de jogo nós já perdemos, agora temos que tentar ganhar o segundo tempo e para isso é preciso de força política”.

Mudar é possível

Utilizar o transporte público é uma forma de amenizar o excesso de carros nas ruas da cidade, defende Jilmar Tatto, secretário municipal de Transportes. “É fundamental incentivar o uso do transporte coletivo e reduzir o número de carros nas ruas”, ressalta. Segundo Tatto, a população precisa conscientizar-se sobre a importância dos modais compartilhados. “Apenas a melhoria da infraestrutura não é suficiente, a iniciativa deve vir de dentro”.

Nascemos pedestres

Laura Valente, diretora nacional do Greenpeace, ressalta o fato de que todos nascem pedestres. Para que esse direito seja exercido, diz, é preciso estar nas ruas. “É na calçada, nas ruas, que podemos ter a dimensão real e humana das cidades. Muito diferente do conforto do carro, onde as pessoas se sentem imunes e protegidas.”

“Até o século 19, a rua era a extensão da casa das pessoas, tudo era feito na rua e isso aconteceu durante 7 mil anos na história da humanidade”, destaca Daniel Guth, diretor de participação da Ciclocidade - Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo (2) - entidade sem fins lucrativos que busca transformar a cidade pelo uso da bicicleta.

Guth critica o fato desse meio de transporte ficar com as sobras da cidade. "A estrutra para a bicicleta é onde der, como der e, acima de tudo, desde que não atrapalhe os carros", afirma o ativista. 

Cidade é o meio ambiente

"A primeira coisa para fazer em prol da preservação é entender a relação do meio ambiente com nosso dia a dia", explica Valente. A falta de informação faz com que as pessoas vejam a questão da preservação ambiental como algo distante", comenta. "Acredita-se que preservar é coisa para se fazer lá na Amazônia. Cuidar do meio ambiente é também cuidar da saúde, da relação com as pessoas, com o espaço físico urbano, com as outras criaturas e, mais do que isso, é um processo civilizatório." 

"A bicicleta ainda representa uma parcela ínfima dentro da porcentagem de mobilidade ativa", aponta Guth.

As bicicletas e São Paulo

NAMU: Como ampliar o uso desse transporte na cidade?

Daniel Guth: A cidade de São Paulo ainda não tem um plano cicloviário, mas o Novo Plano Diretor tratará disso. As pessoas precisam compreender o papel revolucionário da bicicleta e restringir o uso do carro. Sobretudo, o uso banal desse transporte.  As pessoas vão de carro até a padaria, a academia, o parque. Precisamos entender que a bicicleta proporciona uma dimensão humana que faz com que se conheça melhor a cidade.

NAMU: Como fazer?

Daniel Guth: É preciso criar instrumentos que obriguem o poder público, por exemplo, a construir bicicletários e demais estruturas para esse transporte. Romper com mitos, os medos, promover campanhas para a integração dos meios de transporte, ampliar a coleta de dados técnicos para qualificar as informações relacionadas ao uso da bicicleta, reduzir a velocidade dos carros (as chamadas zonas 30) e lembrar sempre que todos somos pedestres. 

Tem quem não queira

A polêmia atual da ampliação da malha cicloviária da capital paulista coloca em debate a questão. De um lado a consciência de que é preciso mudar para que São paulo se torne um local mais agradável e do outro interesses econômicos que colocam impecilhos nessas mudanças. Fernando Haddad, atual prefeito da cidade começou a implantar grande quantidade de ciclovias e prometeu 400 km até o final de sua gestão.

A necessidade de retirar vagas de estacionamento éa apontada por parte da população da capital como um dos principais problemas dessa mudança. Aumentar o custo da utilização do automóvel é uma medida já utilizada em países onde a cultura da bicicleta já existe com mais intensidade.

Foto 1: André Sampaio

Foto 2: Porsche Brosseau 


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