A seca que atinge a região metropolitana de São Paulo não se resume aos recursos hídricos. Há também uma grave falta de recursos financeiros, que afeta a divulgação de bons documentários. A exibição de um longa nas salas de cinema da capital paulista, por exemplo, custa muito dinheiro. Isso acaba impedindo que o público tenha acesso a bons filmes. Foi para romper essa barreira que o diretor do documentário A Lei da Água – o Novo Código Florestal, André D’Elia, decidiu organizar uma campanha de financiamento coletivo para levar o longa-metragem às salas de cinema nacionais.
Produzido para tentar esclarecer os efeitos práticos do novo Código Florestal, o filme é quase uma premonição da pior crise hídrica em 80 anos pela qual passa o Sudeste. Um dos principais fios condutores do documentário é a relação simbiótica entre florestas e o ciclo natural da água. Nele é possível entender a importância de investimentos e cuidado com essa área estratégica. Tratar os esgotos que hoje chegam à represa Billings; acabar e combater o desperdício de água, principalmente aqueles ligados aos problemas com a rede de abastecimento; acabar com regras segundo as quais as empresas que consomem mais água pagam menos do que os consumidores comuns; e proteger regiões de mananciais.
Feito em formato didático, o longa de 75 minutos reúne 37 depoimentos de cientistas, políticos, produtores rurais e ambientalistas. As entrevistas foram realizadas em várias partes do Brasil: Rio de Janeiro, São Paulo, Pará, Mato Grosso, Paraná e Brasília. “A Lei da Água é um filme sobre ciência, agricultura, políticas agrícolas e, principalmente, florestas”, afirma o diretor.
A produção, que é resultado de uma parceria do ISA (Instituto Socioambiental), WWF-Brasil, Fundação SOS Mata Atlântica, Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS) e Bem-Te Vi Diversidade, teve a produção executiva feita pelo cineasta Fernando Meirelles, da O2 Filmes. O longa mostra a importância do tratamento e cuidado com os recursos hídricos do país.
Atualmente, segundo o geógrafo Mário Mantovani, diretor da organização SOS Mata Altântica, "no Brasil 80% das doenças são de origem hídrica"1. Só esse número bastaria para colocar a questão da distribuição de água e do tratamento de esgoto no topo das prioridades de infraestrututra de todos os níveis governamentais (municipal, estadual e federal).
Para quem quiser apoiar a campanha, cada contribuição de R$ 20, dá direito a um ingresso para a exibição. As sessões só serão garantidas se arrecadarem até o dia 30 de março um total de R$ 1.400. “Este projeto não possui fins lucrativos, e todo o dinheiro arrecado será revertido para que possamos levar o filme em comunidades carentes, escolas e cidades onde o acesso as salas de cinema é mais complicado”, explica a descrição na campanha na página do catarse. Até o momento, apenas atingiu a meta a sessão que acontecerá nos cinemas do shopping Frei Caneca em São Paulo.