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Gerais

O empreendedorismo do futuro

Novas formas de conseguir crédito estão transformando várias áreas da economia brasileira
Bruno Torres
27/09/19

Existe uma revolução silenciosa em curso no planeta, que será responsável por redefinir a maneira como enxergamos os negócios e empreendimentos no futuro. Novas empresas estão surgindo, em escala crescente, com o propósito de, acima do lucro, produzirem impacto social positivo em comunidades e fortalecê-las por meio do fornecimento de microcrédito. Uma pesquisa apresentada pelo Aspen Institute revelou que fundos especializados pretendiam captar US$ 150 milhões e destiná-los a negócios de impacto social entre 2014 e 2015, quase o mesmo montante arrecadado nos últimos dez anos.

O conceito de negócio social foi cunhado pelo economista e banqueiro bengali Muhammad Yunus ao descrever seu trabalho com o Grameen Bank, banco de microcrédito criado por ele em 1976 e destinado a atender às necessidades de populações pobres que precisavam de investimentos mínimos para iniciarem um pequeno negócio.

Muita vez, o aporte pode representar centavos de dólar e servir, por exemplo, para a compra de materiais para artesanato. Yunus, ganhador do prêmio Nobel da Paz em 2006, promove o crédito como um dos direitos humanos e apresenta como missão auxiliar às famílias pobres se ajudarem a superar a miséria.

No Brasil, uma das iniciativas influenciadas pelas ideias de Yunus é o Programa Vivenda, um negócio social que buscar fazer reformas de baixa complexidade e alto impacto social para a população de baixa renda, como explica um dos sócios, Fernando Assad. “Eu acho que esse é um processo natural, a gente observa os jovens nas universidades e o que vemos é que ninguém tem mais muita paciência pelos modelos formais, bater cartão, das 8 às 18h, em uma empresa que não tem propósito nenhum, que o objetivo é vender mais pasta de dente, sei lá”, diz.

É exatamente nisso que acredita a Artemisia, organização que busca inspirar, capacitar e potencializar talentos empreendedores no sentido de criar essas empresas. “A gente acredita que um país com iguais oportunidades para todos se constrói com uma nova geração de negócios, em um Brasil em que as pessoas possam decidir o que é melhor pra elas. Julgamos que esse é o momento de ressignificar o papel que os negócios têm na nossa sociedade”, expôs Talita Oliveira André, representante da organização no debate.

Foi esse ambiente que permeou o debate Como soluções inovadoras e negócios sociais estão transformando as cidades, realizado no dia 29 de agosto de 2014, em São Paulo, no auditório do Itaú Cultural. O evento foi promovido pelo Gife, organização sem fins lucrativos formada por investidores sociais, e integrou a programação da Virada Sustentável. Estiveram presentes, além da Artemisia, as organizações Vivenda, Yunus Social Business, Maria Farinha Filmes e o Qedu.

Quem já assistiu aos filmes como Muito além do peso e Tarja branca – A revolução que faltava, da produtora Maria Farinha Filmes, pôde notar que essa ideia também já chegou às artes. “A gente nasceu com essa vontade de utilizar a ferramenta do cinema, do conteúdo, pra realmente inspirar as pessoas, motivar, trazer esperança, transformação. Nossos trabalhos mostram isso, nos entendemos como uma empresa sustentável e acreditamos que todas as outras deveriam seguir por esse caminho”, afirma a produtora Luana Lobo, que também representou o Instituto Alana.

Microcrédito no Brasil

O microcrédito é um conceito que faz parte do mundo das microfinanças. Na maior parte dos casos, microfinanças são serviços financeiros oferecidos para a população de baixa renda. Muita vez, esse tipo de acesso ao crédito está excluído dos mecanismos tradicionais do sistema financeiro.

No Brasil, essa história é um pouco diferente. Apesar do microcrédito se caracterizar pela presença constante da inovação nas maneiras de emprestar dinheiro, aqui o microcrédito tem forte vínculo com o governo federal. Bancos públicos como a Caixa e o Banco do Brasil são atores importantes nesse setor no país.

O programa Crescer (Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Crescer) do governo federal, por exemplo, oferece em média cerca de R$ 1.300,00 por pessoa. Esse dinheiro ajuda pequenos empreendedores a investirem em suas empresas. O capital oferecido pelos bancos vai para costureiras, pipoqueiros, cabelereiros e outras ocupações que historicamente têm vivido na informalidade. Em pouco mais de dois anos, o Crescer já concedeu R$ 12,5 bilhões em empréstimos para profissionais de inúmeras áreas. A ideia do governo federal é estimular com esse dinheiro a formalização de pequenos negócios e a inclusão dessas pessoas no programa do Microempreendedor Individual (MEI).


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