A busca pela maior produção de alimentos de alto valor calórico trouxe também uma simplificação de hábitos alimentares. Prova disso é que mais de 50% das calorias que ingerimos vêm de três cereais: milho, arroz e trigo, segundo informações da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). As plantações de trigo ultrapassam os 214 milhões de hectares por ano, as de arroz ocupam 154 milhões de hectares, e as de milho atingem 140 milhões de hectares. Essas monoculturas são ruins para a biodiversidade do planeta e acabam por restringir nossa dieta, que poderia ser mais sustentável, diversificada e nutritiva.
A questão é complexa. Por serem baratos e produzidos em larga escala, esses três cereais servem de base para alimentar bocas das mais distintas culturas, sendo elementos importantes para o combate à fome. Grande parte da população mundial usa o milho, por exemplo, para fazer mingau, pães e bolos, assim como o trigo. Já arroz é fonte energética principal nos países asiáticos, compondo mais de 60% das refeições. No entanto, esses alimentos possuem alta taxa de carboidratos e pouco do resto dos nutrientes necessários para o bom funcionamento do organismo.
Tais hábitos, portanto, não estariam intimamente ligados à uma alimentação equilibrada. Matar a fome não significa alimentar-se bem. Se outros alimentos fossem produzidos em escalas maiores, talvez seus preços caíssem e talvez pudéssemos adotar novos costumes alimentares. A variedade é essencial para uma dieta balanceada.