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O que é

O conceito de pesca se estabelece pela retirada de um ser vivo do seu habitat, que é obrigatoriamente aquático. Por mais que o termo seja derivado da palavra “peixe” em latim, a pesca se aplica à grande maioria dos animais aquáticos, como pequenos crustáceos e moluscos, até grandes mamíferos aquáticos como baleias.
Ao mesmo tempo, ela não se aplica somente aos habitats naturais onde os pescados se encontram. O conceito de pesca, neste caso, pode ser aplicado às técnicas de cultivo de animais aquáticos que pertencem à aquicultura, e que se ramificam em diversas especificidades, dependendo do cultivo.

Origem do nome

Pescar é um verbo originário do latim “piscare” que, por sua vez, foi criado a partir do substantivo também latino “piscis”, o qual significa “peixe”.

Criação

O uso do anzol

Não há um marco bem definido na história para a invenção do anzol, muito menos se sabe quem o inventou. Os fósseis mais antigos desse instrumento, no entanto, datam de cerca de 30 mil anos no passado. Tudo indica que os primeiros anzóis eram feitos de madeira, mas, por ser um material que flutua, a madeira foi abandonada, dando espaço para materiais como chifres, conchas, pedras e ossos.

Na Ilha de Páscoa, o número de mamíferos grandes era tão pequeno que se desenvolveu a tradição de utilizar ossos humanos na confecção de anzóis. Aproximadamente em 4.000 a.C. surgiram os primeiros anzóis de cobre, seguidos pelos de bronze, utilizados por civilizações como a da Mesopotâmia.

Depois da utilização de metais para a confecção de anzóis, não se notou grande evolução até os últimos séculos, em especial nas décadas mais próximas. Atualmente, o anzol tornou-se um instrumento típico da pesca esportiva, uma vez que não é o meio mais recomendado para captura em grande escala de peixes.

No entanto, o desenvolvimento da tecnologia se aprofundou a ponto de criar variações na angulação dos anzóis e até mesmo em formatos diferentes. Além do tradicional anzol em formato de “J”, foram criados anzóis circulares e com outras curvaturas, visando sempre a especialização desse instrumento para um tipo de pescado.

O uso da rede

Quando, na Pré-História, o homem passou a tentar capturar mais de um espécime de peixe ao mesmo tempo, ele abandonou a coleta individual nos corpos hídricos e passa a utilizar barragens. De maneira primitiva, essas barragens eram construídas com pedras soltas, aproveitando o relevo natural e a morfologia do rio.

Tudo indica que, posteriormente, quando o homem aprendeu a produzir manusear fibras naturais, passou a manufaturar as primeiras redes de pesca. Ainda muito rudimentares, as redes evoluíram, especificando o espaço entre os nós e a grossura da fibra. O material utilizado também variou, evoluindo até a utilização de fibras sintéticas, mais resistentes e menos suscetíveis à degradação na água.

Mais do que no método de produção da rede, a grande evolução se mostrou nas metodologias de pesca com rede. As redes são utilizadas na pesca artesanal e industrial, variando na quantidade de pescado desejada. As grandes diferenças metodológicas derivam das alternativas tecnológicas das quais os pescadores dispõem.

Por exemplo, a pesca ao longo de um rio pode ser feita estendendo redes entre os dois leitos e deslocando-as, prendendo os peixes maiores do que os espaços entre os nós. Essa é uma maneira bastante simples, se comparada às técnicas mais avançadas, que usam redes de fibras sintéticas elaboradas utilizadas na pesca marítima de longa duração.

O uso de novas tecnologias

Com o tempo, a pesca se mostrou um ramo comercial que podia utilizar os avanços tecnológicos de outras áreas. Deixou de ser necessário usar as técnicas tradicionais com redes, de forma que foi possível aproveitar tecnologias que, a princípio, não foram destinadas ao desenvolvimento da pescaria. É o caso, por exemplo, do uso de sonares, que foram desenvolvidos e utilizados no oceano para detecção de submarinos, mas que posteriormente tornaram-se ferramentas valiosas à pesca, podendo encontrar cardumes e poupar muito tempo em alto mar.

A tecnologia também foi aplicada às técnicas tradicionais. Foram criadas varas de pescar em formato de rifle ou com câmeras que mostram as profundezas do rio ou lago onde o pescador se encontra. Há ainda barcos que se guiam com sistemas de posição global (GPS) e até mapas online que mostram em tempo real a localização dos peixes.

Houve também uma mistura das técnicas de pesca com anzol e rede, criando novas redes que portam anzóis em seus nós, chamadas de espinhel. Esse tipo de pesca pode ser utilizado para capturar tubarões. Atualmente, aproximadamente 70 milhões de tubarões são mortos por ano. Muitos especialistas afirmam que isso poderá extinguir várias espécies e prejudicar a cadeia alimentar marítima, da qual os tubarões são parte fundamental. 

Histórico

Pesca na Pré-História

A pesca é uma prática que tem seu surgimento na história dos nossos antepassados. Tanto os Australopithecus quanto os Homo Erectus pescavam. A prática evoluiu junto com a espécie e se difundiu entre os Homo Sapiens (seres humanos). Os primeiros vestígios da pesca na história humana datam do Paleolítico Inferior (entre 2,5 milhões a 200.000 anos atrás), também conhecido como Idade da Pedra Antiga.

Nesse período, o homem se sustentava por sistemas de caça e coleta de frutos, não tendo se estabelecido num lugar fixo e desenvolvido técnicas de subsistência como agricultura e domesticação de animais. As pinturas rupestres que revelam atividades pesqueiras são mais recentes, datando de 25 mil anos atrás. No entanto, ainda que essas pinturas encenassem cenas da pescaria, os depósitos de conchas e de restos de ossos encontrados por arqueólogos indicam que as primeiras civilizações baseavam sua pescaria primitiva no recolhimento de moluscos e peixes de riachos.

Os primeiros passos da pesca

As técnicas pesqueiras, no início, se resumiam ao recolhimento de espécies isoladas.

Posteriormente, tais métodos se sofisticaram, desenvolvendo-se com instrumentos de arremesso (lanças, setas e arpões rudimentares); barragens e armadilhas (que foram as primeiras técnicas de captura não de espécimes isolados, mas de grupos maiores de criaturas aquáticas); e redes. É claro que na Pré-História estavam sendo dados apenas os primeiros passos da pescaria. Toda técnica era ainda muito primitiva.

A pesca na Antiguidade

Há, no Egito, pinturas com cenas de uma pescaria com vara e redes que datam de 2.000 anos antes da Era Cristã. O primeiro registro de receita que utilizava o peixe como um dos ingredientes é da China, por volta de 1.300 a.C. São também da China histórias do século 4 a.C. que narram pescarias feitas com linhas de seda, anzóis feitos com agulhas e iscas de arroz cozido.

Os chineses estão entre os primeiros a utilizar a piscicultura (criação de peixes). Depois deles, os etruscos, por volta do século 5 a.C. desenvolveram técnicas de piscicultura no mar Mediterrâneo. Há ainda inúmeras referências à pesca em outras civilizações como a grega, a judaica e a assíria, entre outras. Dentre esses povos, os egípcios desenvolveram várias técnicas pesqueiras, tecendo redes de melhor qualidade e aprimorando a pesca com anzóis e lanças.

Foi durante o Império Romano, no entanto, que ganhou força a pesca marítima. Antes, essa prática era reservada para rios e lagos e considerada atividade de escravos. Os romanos também desenvolveram a aquicultura, que é o tratamento do ambiente aquático para criação de peixes e mariscos. O Império Romano foi responsável por revolucionar a conserva desse tipo de alimento.

Se egípcios e gregos conservavam os peixes apenas no sal, os romanos inovaram com o uso do azeite. No Oriente, mais precisamente no Japão, cerca de 100 anos depois de Cristo, o peixe passou a ser conservado sobre camadas de arroz. Essa prática culminaria na criação dos atuais sushis que compõem parte importante da gastronomia japonesa.

Cristianismo

Na Antiguidade, o cristianismo foi outro consolidador da pesca enquanto provedora de alimentos nobres. Por causa dessa religião, o peixe tornou-se uma refeição refinada, o que ajudou a estabilizar a pesca marítima. Além disso, a Igreja Católica estabeleceu o jejum durante a Quaresma — período de quarenta dias, subsequentes à Quarta-Feira de Cinzas, em que os católicos se dedicam à penitência em preparação para a Páscoa.

Nesses períodos, no entanto, o consumo de peixe era liberado, o que aumentou o consumo desse tipo de carne. Por exemplo, Carlos Magno (768–814), rei dos francos e imperador do Ocidente, foi responsável não só por selar uma aliança entre os francos e a Igreja de Roma, mas também por determinar que todas suas fazendas tivessem um local para a criação de peixes.

A pesca na Idade Média

Na Idade Média, o peixe tornou-se moeda de troca. A valorização da pesca cresceu, tendo em vista que propriedades inteiras eram pagas com peixes ou óleo de peixe. Os europeus desenvolveram um gosto especial pelo pescado, elitizando o consumo de alguns peixes, principalmente o bacalhau, enquanto as massas se contentavam com pescados menos nobres, como o arenque.

Além disso, houve também algum desenvolvimento nas técnicas tradicionais de pescaria, notadamente nas redes, que passaram a ser cerzidas por monges. Outro motivo que levou a população europeia da Idade Média a buscar a sorte no mar foram as ondas de fome que atingiram a região no século 14.

Nesse período, a pesca e o consumo de peixe se tornaram tão importantes que passaram a fazer parte de acordos de paz como o Tratado de Utrech (1713), o qual reconheceu o direito dos pescadores espanhóis de pescar bacalhau e baleia em Newfoundland, na costa que hoje pertence ao Canadá.

A Revolução Industrial e a pesca

A Revolução Industrial possibilitou a consolidação da indústria pesqueira.

A criação do barco a vapor abriu, literalmente, novos caminhos às rotas marítimas de pesca, enquanto a refrigeração e o congelamento constituíram-se como técnicas de conserva mais eficientes do que as utilizadas até então (salga, seca e fumagem).

Com essas novas condições, foi possível expandir os horizontes pesqueiros, comprometer-se com uma demanda maior de pescado, e, consequentemente, estabilizar a pesca como uma atividade industrial, que culminaria posteriormente em grandes degradações dos ecossistemas marinhos.

Outro motivo que ajudou a popularizar o consumo de peixe foi a criação do francês Nicolas Appert (1750-1841), o qual inventou o método de preservar alimentos em latas. Depois, com o surgimento da refrigeração mecânica no século 19, a indústria pesqueira sofreu outra explosão de crescimento. Em seguida, o surgimento dos barcos a vapor deu outro empurrão no setor, aumentando a produção.

Atualidade

Avanços tecnológicos no setor pesqueiro

Com a consolidação da indústria pesqueira pós Revolução Industrial, tornou-se interessante investir no desenvolvimento tecnológico para esse setor. Por isso, hoje a pesca conta com inúmeros artifícios eletrônicos que facilitam a atividade.

Um desses avanços ocorreu entre as décadas de 1950 e 1960 com a introdução da fibra sintética na produção de redes. Depois dessa mudança tecnológica, barcos que usavam redes de arrasto e de malha ficaram ultrapassados. A quantidade de peixes capturados também cresceu muito com as novas redes.

Atualmente, navios de pesca são guiados por satélites e computadores controlam o maquinário pesqueiro. Sondas e sonares vasculham o oceano procurando por cardumes de peixes. Já a pesca elétrica, um método recente desenvolvido na Rússia, cria uma corrente elétrica no oceano com cargas elétricas postas na proa do navio e na ponta de um tubo que sai de dentro do casco da embarcação para dentro do oceano.

Esse mesmo tubo inicia um processo de sucção, e os peixes, confusos, são como que aspirados para dentro do navio. Isso aumentou ainda mais a capacidade de pesca dos navios pesqueiros.

A crise pesqueira

O estado de crise só é concretizado quando o homem passa a perceber que os recursos dos quais ele se aproveita não são infinitos. O desenvolvimento pesqueiro não atuou num cenário de crise, mas num momento em que os recursos eram considerados infinitos. Uma vez que o ser humano notou a diminuição da quantidade de peixes e teve que enfrentar a possibilidade de escassez, então teve início uma crise no setor, a qual, por sua vez, é apenas mais uma faceta dos problemas ambientais da atualidade.

Ela se diferencia, no entanto, pelo fato de que o produto, o peixe, não depende da produção do homem. A quantidade de peixes é regida por leis biológicas e não pelo trabalho humano. Isso aumenta a fragilidade desse sistema de pesca do qual sociedades inteiras dependem. O recorde de extração de recursos marinhos ocorreu em 1996, quando foram retiradas mais de 87 milhões de toneladas de pescados dos oceanos.

Depois de 1996, os números começaram a diminuir, mas a indústria pesqueira atual segue sendo insustentável. Os padrões de consumo de peixe e frutos do mar do planeta estão destruindo inúmeras espécies. O atum é apenas o caso mais recente.

Outro problema que afetam rios e oceanos são os cada vez mais constantes vazamentos, como o corrido no Golfo do México, em 2010, quando quase cinco milhões de barris de petróleo (cerca de 640 milhões de litros) praticamente destruíram a indústria pesqueira e a fauna marinha da região.

Frutos do mar versus carne vermelha

Em 2012, segundo uma pesquisa feita pelo Instituto Earth Policy, foram consumidos mais de 66 milhões de toneladas de frutos do mar. Pela primeira vez na história, esse tipo de produto superou o consumo mundial de carne vermelha no país, o qual, no mesmo período, representou 63 milhões de toneladas.

Essa produção só foi possível em razão do crescimento da pesca em cativeiro, a aquicultura, que reduziu o custo da carne de peixe e popularizou seu consumo. A Ásia foi responsável pelo maior consumo e a maior produção de peixes no planeta.

No Brasil, esse crescimento produziu a entrada, em 2011, do item salmão no cálculo da inflação nacional feita pelo IBGE. Dados divulgados pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) indicam que entre 2000 e 2009, o consumo de peixe cresceu 30% no Brasil. Um crescimento bem maior que o aumento de 10% no consumo de carne bovina, no mesmo período, no país.

Aquicultura

Define-se por aquicultura o cultivo de espécies aquáticas. Não somente peixes, mas também moluscos, crustáceos, algas, e quaisquer organismos que vivam no meio aquático. Dela, derivam outros tipos de cultura, como a carcinicultura, por exemplo, que é a criação de camarões, que não deixa de ser um tipo de aquicultura.

A aquicultura Não é uma atividade recente, de maneira alguma. Ela tem suas origens na China e no Egito, com registros que datam de mais de quatro mil anos no passado. No entanto, o que é bastante atual é o espaço no mercado que a atividade vem tomando. Em função da diminuição da quantidade de peixes nos oceanos, a piscicultura (ramo da aquicultura que se dedica aos peixes) vem tendo uma grande ascensão como alternativa sustentável.

A FAO (Food and Agriculture Organization), que é parte da ONU, arrisca dizer que o Brasil tem condições de produzir de maneira sustentável (através da aquicultura) cerca de 20 milhões de toneladas de pescado por ano. Enquanto os números da pesca predatória diminuem, uma vez que os recursos pesqueiros começam a se esgotar, a aquicultura ganha propulsão, mostrando-se como uma alternativa mais sustentável para suprir a demanda do mercado.

No entanto, há ainda alguns problemas na aquicultura. Essa prática prejudica a biodiversidade, pois destrói manguezais e polui os mares em razão do uso intensivo de produtos químicos e antibióticos nesse tipo de criação.

Brasil

Segundo o Ministério da Pesca e Aquicultura, o Brasil tem cerca de 970 mil pescadores registrados. Desses, 957 mil são artesanais. Já a pesca industrial brasileira é composta de aproximadamente cinco mil embarcações e 40 mil trabalhadores. Esse setor tem como principais produtos, na região Norte, o camarão rosa, a piramutaba; no Nordeste, o pargo, as pescadas e os atuns; e a sardinha, a corvina, a tainha, o bonito listrado, nas regiões Sul e Sudeste.

Esses trabalhadores devem observar sempre o defeso, que é o período quando peixes machos e fêmeas dispersos nos lagos e baías brasileiros formam cardumes e percorrem os rios para atingir os locais de desova.

No Brasil, esse fenômeno é conhecido como piracema, palavra da língua tupi que significa “saída dos peixes para a desova”. A proibição da pesca nesse período foi estabelecida pela Lei Nº 11.959, de 29 de junho de 2009. O início e o fim do defeso são determinados pelo Ibama, Ministério da Pesca e Aquicultura, Ministério do Meio Ambiente, instituições de pesquisa e associações envolvidas com atividades pesqueiras que atuam em território e águas nacionais.

Fundamentos

A pesca enquanto relação ecológica

A pesca é uma interação que se estabelece como relação ecológica entre seres humanos e as várias espécies aquáticas pescadas. Pensando especificamente na pesca, há um favorecido, que é o homem, e um prejudicado, que são os pescados. É assim que se consolida uma relação ecológica de predação, na qual um ser vivo preda o outro. Não é a toa que se chama pesca predatória a ramificação insustentável da pesca. Isso ocorre quando são retirados mais pescados do ambiente aquático do que a natureza é capaz de repor.

O que levou o homem a pescar

Se a pesca se estabelece como uma relação ecológica de predação, então em algum momento o homem percebeu a possibilidade de se alimentar do peixe. Sempre foi necessário manter-se perto dos cursos d’água, que é a substância mais intrínseca à alimentação e à vida humana.

Por isso, as primeiras civilizações se instalaram nas margens de rios, lagos ou no litoral. Porém, ainda no era do nomadismo, quando os homens dependiam da caça e da coleta, uma das alternativas mais fáceis era a pesca.

Os rios, que além de fornecer água, forneciam esse alimento. Além disso, as técnicas de caça de animais eram um tanto quanto primitivas, dificultando a obtenção de alimento em terra. Por isso, o homem encontrou uma solução no peixe, ou, mais ainda, no começo, no consumo de moluscos e crustáceos que viviam em rios e eram facilmente coletáveis.

A necessidade de alimentação do homem levou-o à pesca. Hoje em dia, o pescado é um alimento reconhecidamente nutritivo e sofisticado. Mas, nos primeiros passos da espécie humana, a pesca era possivelmente o meio mais fácil de obtenção de alimentos.

Naturalmente, quando os ancestrais humanos entenderam que poderiam retirar alimento do mesmo lugar de onde retiravam água, iniciou-se um processo de desenvolvimento da pesca, que culminou na invenção do anzol, quando o uso de materiais como bronze e cobre. Mas mesmo o anzol já representou um grande avanço, quando comparado às primeiras técnicas de pescaria, que se reduziam, basicamente, à coleta no meio aquático ou em margens de rios.

Na prática

Pesca de subsistência

A pesca para subsistência consiste em pescar para a alimentação do pescador. É um tipo de pesca sem interesse comercial, cuja única finalidade é alimentar a família de pescadores ou a comunidade ribeirinha que capturou o peixe. Por mais que pareça irrelevante quando comparada às modalidades de pesca maiores, a pesca de subsistência tem grande importância para quem depende dela. Por exemplo, estima-se que de todo o volume de pescado da região amazônica, cerca de 50% tem a função de subsistência. Sendo assim, a maior parte das proteínas da dieta dessas comunidades ribeirinhas amazônicas é oriunda da pesca.

Pesca amadora

É chamada de pesca amadora qualquer modalidade de pesca que seja motivada pelo turismo, lazer ou desporte. Não é passível de comércio ou industrialização, de forma que na maioria das vezes o pescado é devolvido ao mar. Na pesca esportiva, por exemplo, os anzóis utilizados devem ter suas farpas amassadas ou até mesmo não terem farpas.

É uma modalidade de pesca que teoricamente se preocupa com o bem estar do animal, sendo totalmente voltada para o turismo.

Pesca artesanal

A pesca artesanal é uma modalidade voltada para o comércio. Ainda que possa suprir a demanda dos pescadores, há um excedente que é vendido, encaixando a atividade como desempenhada por profissionais de forma autônoma ou em regime de economia familiar. É uma pesca naturalmente de pequeno a médio porte, mas que pode alcançar grandes quantidades de pescado quando há vários pescadores envolvidos.

Ela normalmente se restringe em função do tamanho das embarcações, da proximidade do continente, e da ausência de tratamento dos pescados (não há nenhum sistema de refrigeração interno à embarcação). A pesca artesanal representa, no Brasil, cerca de 45% do total de volume de pescados por ano, o que denota sua importância não só para a economia dos pescadores, mas também para o país.

Pesca industrial

A pesca industrial é a modalidade que tem grande caráter predatório. Ela difere da artesanal pelo tamanho das embarcações (médio a grande porte), pela relação de trabalho dos pescadores (que tem vínculo empregatício com o dono das embarcações), e também pelas limitações menores. A pesca industrial normalmente conta com sistemas de refrigeração do pescado ainda na embarcação, o que permite, por exemplo, que os navios fiquem por muito tempo navegando.

O pescado é redirecionado, uma vez em terra, para grandes indústrias ou distribuidoras de alimento, denotando seu teor altamente industrializado. Essa pesca, muita vez, passa por processamentos. Com 45% do volume de pescado do Brasil é oriundo da pesca artesanal, o restante é proveniente da pesca industrial predatória.

Piscicultura

A piscicultura consiste no cultivo doméstico de peixes. É um ramo da aquicultura, que pode ser feito tanto dentro do continente quanto na faixa costeira de um país.

A aquicultura continental, ou piscicultura, é um setor que tem um impacto ambiental é menor que o das pescas industrial e artesanal. Ela pode ser desenvolvida no leito de rios, com grandes gaiolas onde os piscicultores cultivam peixes em seu habitat natural, ou feitas em tanques distantes de rios, mas que simulam esse habitat, e onde os peixes são alimentados com ração.

Apesar de ser menos destrutiva, a piscicultura em larga escala pode produzir erosão do solo, poluição das águas, introdução de espécies exóticas e modificação de ecossistemas. Portanto, sua sustentabilidade reside no uso de técnicas e manejos que respeitem o meio ambiente por parte dos produtores.

Principais nomes

Ariovaldo Luchiari Júnior, chefe adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Pesca e Aquicultura;

Marcelo Crivella, ministro da Pesca e Aquicultura;

Rodolpho Theodor Wilhelm Gaspar von Ihering (1883-1939), considerado pai da piscicultura brasileira;

Outras visões

A pesca industrial e a devastação dos oceanos

O desenvolvimento das tecnologias da indústria da pesca e o crescimento na capacidade dos navios de capturar peixes não foram acompanhados por um manejo sustentável dos recursos naturais existentes nos nossos oceanos. A revolução industrial possibilitou uma invasão mais agressiva aos oceanos e, consequentemente, a maior extração dos recursos pesqueiros.

Os navios podem passar mais tempo em alto mar, podendo congelar as quantidades imensas de peixes capturados até sua volta ao continente. Ao mesmo tempo, a ascensão do pescado como alimento nobre formou um mercado consumidor do produto disposto a pagar um preço mais elevado. Criou-se um cenário com grande demanda social por pescados, e por isso tornou-se interessante e lucrativo suprir essa demanda.

Dessa forma, a pesca consolidou-se como um ramo da indústria, retirando grandes quantidades de peixes dos oceanos, num ritmo maior do que os ciclos biológicos podem manter. O desenvolvimento de todo um processo industrial ligado à pesca maximizou a produção de pescado. Essa extração maior do que a reposição culminou num cenário de crise: espécies em extinção por causa da sua exploração acelerada, ecossistemas e cadeias alimentares prejudicados inteiramente pela extração de espécies específicas, e até mesmo a destruição do ambiente oceânico, resultado do teor predatório assumido pela pesca.

A introdução de espécies invasoras

Navios de grande porte necessitam de sistemas que garantam sua estabilidade durante a navegação. Para isso, eles utilizam um sistema de lastro, que consiste em absorver água do oceano para balancear seu peso e manter as hélices dentro da água conforme o peso do navio diminui pela queima do combustível. Na prática, o lastro acaba por trazer para dentro do navio várias espécies de determinadas regiões, que acabam por viajar junto da embarcação.

Quando chegam ao seu destino, os navios evacuam a água de lastro e, portanto, todo tipo de vida presente nela. Isso se constitui como um problema quando essas espécies são introduzidas num ambiente novo. Se elas tiverem características altamente adaptáveis a esse novo espaço, então podem passar a competir com outras espécies ou até mesmo predar algumas delas. Isso se constitui como um problema de espécies invasoras que pode ser causado pela pesca industrial, que normalmente conta com grandes embarcações.

Além de acabar com os recursos pesqueiros, esses mesmos navios podem introduzir espécies exóticas num ambiente, comprometendo sua estabilidade. Um exemplo bastante utilizado é o do mexilhão-dourado, uma espécie do sudeste asiático que foi introduzida na América Latina por conta da água de lastro de grandes embarcações. O mexilhão-dourado se adaptou perfeitamente ao ambiente aquático no qual foi introduzido e, por não encontrar grandes dificuldades com predadores ou competidores, acabou por se expandir por vários rios e córregos. Sua população alcança densidades de 150 mil espécimes por metro quadrado, número bastante elevado.

Além de representar uma ameaça às espécies aquáticas brasileiras, o mexilhão-dourado foi detectado pela primeira vez no Rio Paraná, na Usina Hidrelétrica de Itaipu. Foram encontradas incrustações massivas e obstruções das tubulações. Dessa forma, o mexilhão-dourado, enquanto espécie invasora no Brasil, é não somente uma ameaça à fauna aquática do país, mas também à economia, tendo prejudicado a Usina de Itaipu.

Os impactos ambientais da aquicultura

Ainda que o cultivo de espécies aquáticas apresente um diferencial sustentável interessante, ele não é desprovido de impactos ambientais negativos. A aquicultura de todo tipo, mas principalmente a carcinicultura (cultivo de camarões), é causadora de degradação ambiental em função de diversos fatores. Primeiramente, pensando em técnicas que envolvam a utilização do próprio ambiente como local de cultivo, há um problema natural de devastação de ecossistemas.

A carcinicultura, em especial, devastou cerca de metade dos manguezais do mundo nos últimos anos para atender as demandas de países ricos. Sendo assim, criou-se uma nova função para o ambiente, que, ao invés de ser destinado ao agronegócio, passou a exercer a função de tanque de reprodução aquática, avançando sobre a natureza intacta. Além disso, o descarte da água dos tanques pode ser feito de maneira inconsequente, ou seja, lançando nos corpos hídricos naturais rejeitos do cultivo, efluentes contendo hormônios, restos de matéria orgânica e melhoradores de desempenho de todos os tipos.

Assim como toda prática de cultivo, a aquicultura precisa ser feita de maneira adequada, visando a menor degradação possível, porque ela pode ser tão devastadora quanto todas as outras práticas agropecuárias. 

Principais obras

Manual de pesca – ciência e tecnologia 

Um livro técnico e mais antigo sobre as práticas pesqueiras. Escrito em 1987, o “Manual de Pesca” escrito por Masayoshi Ogawa, em 1987, não conta mais com as grandes inovações tecnológicas no setor, mas é de grande ajuda para a compreensão da parte técnica da pescaria com métodos mais tradicionais.

Tecnologia do pescado – ciência, tecnologia, inovação e legislação 

O livro de Augusto Gonçalves Alex faz uma análise mais sistemática da prática pesqueira, demonstrando a relevância do setor pesqueiro e do seu reconhecimento. É um livro que se destina a todo tipo de profissional e estudante que procura entender a pescaria por completo.

The Worldwide Crisis in Fisheries: Economic Models and Human Behavior 

O livro faz uma descrição da situação atual do mundo em relação aos padrões predatórios da pesca. Utilizando modelos bioeconômicos, Colin W. Clark demonstra que novos métodos de administração dos recursos pesqueiros, obrigatoriamente envolvendo comunidades pesqueiras, são a resposta para acabar com a crise de super exploração pesqueira.

Bioeconomics of Fisheries Management

A obra escrita por Lee G. Anderson e Juan Carlos Seijos dá mais destaque à administração dos sistemas pesqueiros, denotando sua importância. A introdução conta com uma contextualização do por que é necessário administrar a pescaria, mas o livro se constrói baseando-se em análises bioeconômicas de modelos de gestão, especializando-se principalmente nas relações dentro dos ecossistemas.

Fundamentos da Moderna Aquicultura

Uma demonstração detalhada de como funciona e de como evoluiu a aquicultura desde seu início. Heden Luiz Marques Moreira dá um enfoque especial às melhorias oriundas do aumento da responsabilidade ambiental, como a preservação da qualidade da água, diminuição de custos e até mesmo o bem estar dos peixes.

Interligações

As modalidades de pesca

Não se pode esperar que modalidades como a pesca de subsistência e esportiva supram as demandas do mercado por pescado. A pesca de subsistência é voltada apenas para a alimentação dos pescadores que a praticam e a esportiva não tem nem a menos o objetivo de alimentar, sendo relacionada estritamente ao lazer. Sendo assim, faz-se necessário pensar sobre as pescas artesanal e industrial, que dividem a demanda. A pesca artesanal dá conta de 45% dos suprimentos, e o resto fica por conta da industrial. Ambas são causadoras de impactos ambientais negativos, extraindo grandes quantidades de recursos pesqueiros em ritmos insustentáveis.

No entanto, a pesca artesanal é mais limitada do que a industrial no que se diz respeito às tecnologias utilizadas. É uma modalidade de pesca menos agressiva justamente por não ter a capacidade de, por exemplo, manter navios em alto mar por meses ou congelar os peixes antes de retornar ao porto. Além disso, diferentemente da pesca industrial, a artesanal passa por uma distribuição de renda menos concentrada. A pesca industrial é referente ao faturamento de empresas imensas, enquanto a artesanal é praticada por pescadores na maioria das vezes autônomos.

Sendo assim, ainda que as duas práticas sejam degradadoras, a pesca artesanal apresenta alguns pontos positivos que a industrial não apresenta, ou então pontos “menos negativos”. O aspecto social promovido pela pesca artesanal é mais vantajoso para as comunidades pesqueiras do que o pela pesca industrial.

Fontes de pesquisa

http://origemdapalavra.com.br/palavras/pescar/

Etimologia da palavra pescar.

DIAS, A. M. Breves Notas sobre a História da Pesca. Portugal. Universidade do Algarve, 2006. Disponível em: < http://w3.ualg.pt/~madias/docencia/paq/BrevesNotasHistoriaPesca.pdf>

http://www.ibama.gov.br/institucional/recursos-pesqueiros

Site do Ibama, com informações do órgão federal sobre os recursos pesqueiros no Brasil, contando com estatísticas, legislação e orientações.

http://www.vivaterra.org.br/vivaterra_pesca_predatoria.htm

Site do Instituto Vivaterra, dando mais esclarecimentos sobre a pesca predatória.

http://www.tecmundo.com.br/esporte/22263-as-tecnologias-da-pesca.htm

Site com inovações no ramo pesqueiro.

http://saude.abril.com.br/edicoes/0354/nutricao/vida-saudavel-coma-mais-peixe-700505.shtml

Site da Revista Saúde com uma matéria sobre o valor nutritivo dos pescado.

http://g1.globo.com/minas-gerais/noticia/2012/03/peixes-tem-grande-variedade-de-vitaminas-e-minerais-diz-nutricionista.html

Site do G1 com uma matéria sobre o valor nutritivo do pescado.

CARNEIRO, M. H.; FAGUNDES, L. Ecorotulagem de Pescado e de Produtos Pesqueiros da Pesca Extrativa Marinha. Instituto da Pesca, São Paulo. 2009. Disponível em: <ftp://ftp.sp.gov.br/ftppesca/serreltec_39.pdf>.

OLIVEIRA, S. S. et al. Potenciais Impactos Ambientais da Aquicultura: Carcinicultura de Cativeiro. Porto Alegre. Disponível em: <http://www.bvsde.paho.org/bvsaidis/uruguay30/BR09543_Oliveira.pdf>.

LEÃO, T. C. C. et al. Espécies Invasoras Exóticas no Nordeste do Brasil. Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste, Recife. 2011. Disponível em: <http://cepan.org.br/uploads/file/arquivos/6b89ddc79ee714e00e787138edee8b79.pdf>.

Aprofundamento

LEI Nº 7.661, DE 16 DE MAIO 1988, QUE INSTITUI O PLANO NACIONAL DE GERENCIAMENTO COSTEIRO

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7661.htm

Decreto-Lei nº 221, de 28 de fevereiro de 1967, que dispõe sobre a proteção e estímulos à pesca

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del0221.htm

CÓDIGO DE CONDUTA PARA PESCA RESPONSÁVEL (FAO-ONU) (EM INGLÊS)

http://www.fao.org/docrep/005/v9878e/v9878e00.HTM

O ICCAT (Comissão Internacional para a Conservação dos Atuns do Atlântico) é uma organização intergovernamental que luta pela conservação das espécies de atuns e afins do oceano atlântico e águas adjacentes.

http://www.iccat.int/en/

Site do Instituto da Pesca do Estado de São Paulo

https://www.pesca.sp.gov.br/

Site do Earth Policy Institute

http://www.earth-policy.org/

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