"Meu grande impulso nesse trabalho com fitoterápicos é tirar as crianças dos antibióticos e corticoides quando seu uso é dispensável". Essas são palavras de Terezinha Rego, doutora em botânica e fitoterapia e reconhecida internacionalmente pelas pesquisas sobre a flora medicinal do Maranhão. Há mais de 50 anos ela se dedica à pesquisa científica, no estudo da fitoterapia, hortas medicinais, medicina popular, etnobotânica e espécies medicinais.
“Há estudos comprovando que o excesso de corticoides nas glândulas suprarrenais pode levar ao desenvolvimento de diabetes. Por isso é tão importante informar as pessoas sobre o uso de fitoterápicos", afirma a doutora. Entre as causas das doenças respiratórias está o acúmulo de secreções, que atrapalham o livre transporte de oxigênio.
“O foco de nosso tratamento é livrar a criança da secreção. Ao conseguir expectorar, ela cria uma resistência natural que será monitorada por pelo menos três meses. Mais de 10 mil crianças passaram por esse tratamento e são são raros os encontro com jovens na rua que me dizem: ‘a senhora me curou!’. É uma alegria muito grande”.
Segundo a pesquisadora, os xaropes fitoterápicos são bastante utilizados na pediatria, em particular para crianças a partir de um ano, quando só então é recomendada a ingestão de mel. A equipe da farmacêutica produz 16 tipos de xaropes fitoterápicos, usados principalmente para o tratamento de bronquite, asma, garganta e alergias respiratórias.
Os efeitos terapêuticos das plantas – agrião, ameixa, alho, capim-limão, couve, hortelã, milho, urtiga-branca, limão, romã, urucum, beterraba e mastruz – são peitorais, emolientes e expectorantes. É importante ressaltar que os fitoterápicos também são remédios e por essa razão devem ser receitados por especialistas.
Profissional com reconhecimento, Rego conta que por trás do conteúdo desses xaropes existem muitas pesquisas, testes, burocracia, perseverança e uma paciência quase infinita. "Sem isso, seria impossível lidar com o atraso tecnológico dos laboratórios brasileiros e com a lentidão dos trâmites legais de patenteamento e autorização de comercialização. No caso da cabacinha-do-norte, por exemplo, usada para tratar a sinusite, por falta de verba levei 20 anos para conseguir isolar o princípio ativo da planta e legalizar sua distribuição", afirma a especialista.
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