Mitos da alimentação saudável? Pão integral, suco light, barra de cereal, chá gelado e gelatina diet. Esses e muitos outros produtos se tornaram ícones de uma alimentação saudável e são amplamente consumidos como fontes menos calóricas de nutrientes.
Inclusive, as prateleiras dos supermercados estão cheias deles. Mas, será que realmente trazem benefícios à saúde ou são apenas mitos da alimentação saudável?
Para entender o que é mito, o que é verdade e como podemos consumi-los, entrevistamos a nutricionista Maria Carolina Von Atzingen e a médica nutróloga Luiza Savietto, responsável pelo programa Nutriohm. Acompanhe o artigo a seguir.
Entre os principais mitos da alimentação saudável está a confusão sobre os produtos light e diet. Isso porque há diferenças entre esses dois tipos de produtos.
Os primeiros são aqueles que “apresentam redução de, no mínimo, 25% do valor energético ou de determinado nutriente em relação ao alimento convencional”, afirma Von Atzingen.
Já os segundos não têm a mesma função, pois são elaborados para pessoas com necessidades específicas, como os diabéticos, por exemplo, que precisam evitar o consumo de açúcar. Mas isso não quer dizer que sejam menos calóricos. “Muitas vezes, eles apresentam maior teor energético e por isso não devem ser utilizados para perda de peso”, alerta a nutricionista.
Bastante utilizadas no dia a dia, as barras de cereais podem ser bem menos saudáveis do que as propagandas anunciam. Isso porque de acordo com Savietto, elas contêm edulcorantes artificiais, corantes, glucose de milho ou xarope de frutose.
Isso significa que esses ingredientes ajudam a criar barras mais doces e saborosas, mas afetam o metabolismo das gorduras e da glicose no fígado, diz a médica.
Apesar de serem descritas como fonte de fibras, “possuem quase sempre menos de 1% de composição em fibra alimentar”, elucida Savietto.
Assim, podemos deduzir que esse é mais um dos mitos da alimentação saudável. Para não cair nele, a médica afirma que é fundamental verificar atentamente o rótulo antes de comprá-las.
“Sempre veja se há adição de adoçantes (edulcorantes) artificiais, corantes, gordura trans, glucose de milho e xarope de frutose. Priorize as barras caseiras, orgânicas e adoçadas naturalmente”, finaliza.
Muitas dessas barras ainda contêm chocolate, fato que contribui para aumentar a concentração de açúcar e gordura no corpo. Von Atzingen recomenda que o consumo desses alimentos seja controlado, especialmente por indivíduos que tenham alguma restrição alimentar.
O chocolate é uma iguaria apreciada por muitas pessoas e esse apreço coloca em evidência a questão: é possível consumi-lo sem abrir mão da saúde? Von Atzingen afirma que os tipos mais amargos e com mais cacau são os mais indicados, pois o cacau apresenta antioxidantes que trazem benefícios à saúde. Já Savietto indica os chocolates orgânicos, vegetais com ou sem lactose e aqueles com 50% ou mais de cacau.
Para quem deseja diminuir ou parar de consumir chocolate, a alfarroba (foto acima) é uma opção para substituí-lo, pois possui um sabor parecido. “As barras de alfarroba não apresentam as substâncias estimulantes que o chocolate possui e não contêm lactose nem glúten. No entanto, não são necessariamente menos calóricas”, pontua a nutricionista Von Atzingen.
“Para o alimento ser considerado fonte de fibras ele precisa conter pelo menos 2,5 gramas de fibras por porção. Contudo, muitas formulações de pães vendidos como integrais contêm ingredientes refinados não atingem esse valor. Ou seja, se enquadram na categoria de mitos da alimentação saudável. Se for com moderação, não há problemas em consumir o pão industrializado”, explica Von Atzingen.
Na hora de escolher, é importante observar a porcentagem de fibras que consta no rótulo. Além disso, deve-se preferir sempre os pães que contêm menor teor de gordura saturada e são livres de gordura trans.
Savietto por sua vez critica o pão industrializado (branco ou integral) por serem ricos em conservantes e flavorizantes artificiais. Ela recomenda o consumo de pães caseiros ricos em sementes, feitos com ingredientes orgânicos e/ou naturais, sal rosa ou negro e em fermentação branda.
Alguns chás gelados e sucos light podem contribuir para a perda de peso, segundo Von Atzingen. Entretanto, é necessário tomar cuidado para não se exceder e consumir mais doces e alimentos calóricos só porque a bebida foi substituída por uma versão mais light.
Já Savietto afirma que a melhor alternativa é beber água ou comer frutas. “Sucos industrializados são alimentos tóxicos por conterem o mesmo xarope adoçante que outros produtos, até piores que o açúcar. Mesmo os sucos naturais contêm uma grande quantidade de açúcar e por isso não é bom consumi-los demais. As exceções são as vitaminas e os sucos verdes com legumes e verduras”, comenta a médica.
Esse é um dos mitos da alimentação saudável mais clássico que existe. Isso porque embora seja considerada melhor por não conter gorduras nocivas, a margarina não é mais saudável que a manteiga. “Trata-se de um produto totalmente industrializado que contém em sua fórmula gorduras tipo trans, que são causadoras de inúmeros males ao organismo”, explica a médica nutróloga.
Dietas e alimentos sem glúten e sem lactose ganharam destaque no Brasil nos últimos anos. Inclusive, muitas pessoas vêm aderindo a essas dietas mesmo sem possuírem intolerância a qualquer um dos componentes. As especialistas divergem sobre os benefícios que a mudança de hábito pode trazer.
Qualquer pessoa pode se beneficiar ao retirar a lactose da alimentação, segundo Savietto. "Por se tratar de um açúcar do leite bovino indigerível pelo organismo humano, sem contar que os leites industriais animais são altamente tóxicos”, diz a médica. Já Von Atzingen afirma que não há comprovação de que a retirada da lactose é benéfica para todos, mas sim para as pessoas com intolerância à lactose.
Tal polêmica envolve também o glúten. Savietto comenta que “o glúten é uma fração proteica do trigo que tem sido manipulada geneticamente há algumas décadas com a finalidade de aumentar a produtividade e a qualidade no uso de sua farinha ou partes inteiras”.
Alguns cientistas afirmam que essas alterações na estrutura do glúten passaram a prejudicar “o organismo humano desde o cérebro, comportamento e emoções até na manifestação de doenças auto-imunes, infecções, dores crônicas e problemas digestivos”, complementa.
A nutricionista Von Atzigen, por sua vez, diz que somente pessoas com intolerância ao glúten ou com doença celíaca precisam parar de consumi-lo. “A retirada do glúten da alimentação tem sido associada à perda de peso. Porém, o que ocorre é que quando essa proteína sai do hábito alimentar, automaticamente os alimentos de elevado valor calórico, como pães, macarrão, tortas e biscoitos deixam de ser consumidos. Dessa forma, há perda de peso, mas não relacionada ao glúten”, afirma Von Atzingen.
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