A prática da meditação tem se tornado coadjuvante da vida moderna em virtude dos altos níveis de estresse, da busca por métodos de desenvolvimento espiritual e outras finalidades. Apesar das técnicas de meditação serem diferentes, elas possuem um ponto em comum: a tendência à redução de tensões. Para a meditação taoísta, esse cenário é compreendido tanto como religião como filosofia de vida, embora o único propósito seja a meditação.
Os resultados da meditação taoísta aparecem conforme a frequência e qualidade das sessões, mesmo como consequências secundárias. Quer saber quais são? Então acompanhe o artigo a seguir.
O estilo de vida dos sábios chineses na antiguidade era orientado pela filosofia taoísta. Eles seguiam os princípios da natureza com respeito às nuances individuais e uma relação de vitalidade e a harmonia. 1
Por meio do fluxo da energia vital e sua manifestação física, observavam a relação do universo (macrocosmo) com o ser humano (microcosmo) para desenvolver uma associação na qual o pensamento milenar chinês e a medicina estão estruturados. Com base nessa premissa e nos fundamentos do taoísmo, o mestre chinês Liu Pai Lin (1907-2000),2 que se naturalizou brasileiro em 1975, criou uma técnica de meditação e medicina de alto nível conhecida como “sentar na calma”.
Sentar na calma refere-se à harmonização do corpo, do coração e da respiração em uma posição sentada e calma. Além disso, a prática da meditação taoísta segue um roteiro específico para facilitar a circulação de energia. Isso porque existem peculiares técnicas para relaxar o corpo e evitar o gasto desnecessário de energia.
Na meditação taoísta, harmonizar o coração implica apaziguar a mente e o espírito, enquanto harmonizar a respiração é torná-la natural.
É comum que estejamos envolvidos com os afazeres cotidianos antes de sentarmos para meditar. Dessa forma, geralmente, o corpo se apresenta cansado e tenso e a mente inquieta e com emoções instáveis.
Algumas pessoas podem se sentir desestimuladas a se sentar e se acalmar por achar o processo difícil. Por isso, a primeira etapa da meditação taoísta inclui exercícios corporais lentos, que permitem uma transição gradual da ação física tensa à suave e, em seguida, para a estática.
Quando o corpo se estabiliza, a mente e as emoções podem ainda estar em movimento. Porém, o início do processo de condução da energia vital e estímulo de pontos específicos com a mente mais focada tende a diminuir automaticamente os pensamentos e os sentimentos.
Nas etapas finais dessa técnica da meditação taoísta, é possível adentrar no estado de quietude em que a consciência existe, mas não há ação mental ou sensorial.
O primeiro passo antes de se sentar para praticar a meditação taoísta é remover as tensões corporais e emocionais. Isso garante o suprimento adequado de oxigênio, melhora a circulação sanguínea e estimula o fluxo de energia vital3. Nessa fase, são indicados exercícios físicos suaves (tai chi ou chi kung, exercícios taoístas). Tudo isso para que a mente possa se centrar e se direcionar para aquilo que se propôs.
Na segunda etapa, o chi (energia vital) pode ser cultivado pela visualização de seu movimento ao longo do corpo. E isso pode ser obtido tanto na postura em pé estática (meditação em pé) quanto na postura sentada. Nesse momento, as técnicas de circulação de chi (treinos de energia) estimulam algumas regiões e nutrem outras. Além disso, captam a energia da natureza, seu equilíbrio e harmonização dentro de nós.
Geralmente, a partir dessa fase a energia está plena, o coração sereno, a respiração natural e a mente mais quieta. Alguns pensamentos poderão aparecer, mas a mente tenderá a não dar prosseguimento ao diálogo interno e permanecerá como simples testemunha daquilo que possivelmente tentará roubar sua atenção. Só então uma quietude pode se instalar lentamente.
Algumas escolas recorrem a métodos de visualização e concentração. Eles fazem com que o meditador utilize o universo sensorial, mental, corporal e material. Contudo, quem pratica a meditação taoísta procura deixar de pensar, visualizar, dar formas e nomes ao que se é percebido. Só assim se consegue entrar na quietude interior.
Nessa abordagem, meditar é purificar o coração é voltar ao vazio. Esse retorno traz quietude e proporciona estabilidade, serenidade e paz. Quando se atinge esse estado é possível pensar de forma ativa e não reativa em que o pensar sugere o agir. Essa é a ação considerada verdadeira na concepção taoísta.
O estado meditativo, após certo tempo de prática, tende a ser incorporar no dia a dia. O sacerdote taoísta chinês Wu Jyh Cherng (1958-2004)4 ilustra de forma sábia esse mecanismo: “O que é a meditação? Fechamos as portas e as janelas, desligamos o telefone e colocamos um aviso de ‘não perturbe’ na porta. O que então acontece? Nos isolamos da atividade para entrarmos na quietude e por esse processo alcançamos o vazio.
Conquistada a calma da quietude, do vazio, saímos da meditação. Então, voltamos a abrir portas e janelas, religamos o telefone e começamos a trabalhar e a falar com as pessoas. No entanto, ainda permanece dentro de nós aquele efeito da quietude que foi conquistado no isolamento.”
Segundo Cherng, quem encontra diariamente um tempo para se isolar e meditar quando retoma suas atividades pode carregar consigo a quietude conquistada a cada dia de prática. Inclusive, os momentos de quietude tendem a se ampliar e podem até influenciar o ambiente e as pessoas ao redor de quem pratica a meditação.
As técnicas de meditação taoísta são simples e fáceis de praticar. No entanto, exigem inicialmente que o conhecimento seja transmitido pessoalmente, de professor para aluno ou mestre para aprendiz. Isso porque a execução deve ser precisa e delicada. Ou seja, os movimentos para flexibilizar as articulações e relaxar os músculos que antecedem o sentar devem ser lentos, leves e suaves.
A desobstrução de possíveis bloqueios de energia pode acarretar desconfortos imprevistos. A concentração excessiva pode acarretar desequilíbrios físicos e psíquicos, enquanto a falta de concentração pode criar devaneios. Essa é a razão pela qual se recomenda o aprendizado com pessoas qualificadas.
Existem atualmente no Brasil estilos diferenciados de meditação taoísta. Cada um segue as tradições de seus referidos mentores, embora o objetivo de todos seja a pacificação e vitalização da mente e do coração. O sacerdote Wu Jyh Cherng ensinou, por exemplo, a “meditação da purificação do coração”. Ela é a principal técnica utilizada nesta instituição, como o caminho para a iluminação espiritual.
Já o mestre taoísta Liu Pai Lin, cuja linhagem taoísta segue os princípios da natureza (filosofia de vida), transmitiu o “sentar na calma”, uma prática para o equilíbrio e a serenidade. Enquanto isso, Mantak Chia, mestre taoísta tailandês, elaborou a “meditação do sorriso interno”5. Trata-se de um método para geração de vitalidade que estreita os vínculos da energia vital com o corpo físico.
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